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Noites “caóticas” nas urgências dos hospitais obrigam polícia a lidar com 15 casos por dia

Chamem a polícia! As urgências dos hospitais são palco de noites “caóticas”, registando uma média de 15 ocorrências por dia. Apesar da presença “dissuasora” da PSP, há armas, violações de crianças, acidentes, fome e uma variedade de situações problemáticas.

A PSP pode, desde 1986, “manter pessoal com funções policiais em organismos de interesse público para a prestação de serviços especiais”, como acontece nos hospitais. Mas o que se passa nestes organismos para que seja necessária uma presença policial? Só no Hospital Amadora-Sintra são registadas, em média, 15 ocorrências por dia, a maior parte das quais acontece durante a noite. Chegam a ser “caóticas”, admite Luís Martins, chefe do posto.

Foi, contudo, numa noite “anormalmente calma” que a agência Lusa acompanhou o trabalho dos agentes da PSP no Amadora-Sintra: ‘apenas’ cinco agressões, um acidente de trabalho, outro de viação e uma contraprova a álcool no sangue de um condutor. Noutras noites, são mais comuns os casos de polícia: acidentes de trabalho e viação, agressões, com arma branca e de fogo, intoxicações, mordedura de animal, queimaduras, tentativa de suicídio e violação (ou tentativa).

O procedimento mais habitual de um agente policial é a abordagem à situação. “É importante haver polícia nos hospitais, principalmente quando estamos assim”, explicou Humberto Jorge, que foi à urgência com a cabeça partida na sequência de uma agressão. “Nem o vi. Só vi uma mão a voar e depois estava a sangrar”, explicou o utente, antes de ser informado sobre como proceder para apresentar queixa.

Esclarecimentos foi também o que pediu Sofia Grandão, atendida na sequência de um acidente de viação. “Um hospital não é um sítio qualquer”, mas o local onde a vítima está fragilizada, o que justifica o papel da PSP, explicou a utente.

Se às vezes bastar deixar a farda “falar”, proporcionando sensação de segurança às vítimas, outras há em que o agente tem de evitar o agravamento das situações de maior tensão. É o que acontece em especial nas “zonas vermelhas”, como o balcão de atendimento, onde todos acham que “a sua doença é mais grave”, adiantou Luís Martins.

A triagem é outra “zona difícil”, acrescenta a enfermeira Lúcia Freitas: “reclamam connosco, quando pouco podemos fazer. É muito difícil comunicar com pessoas agressivas”. Se a presença da PSP é “dissuassora”, há várias alturas em que “só a presença não chega”, revelou o chefe de posto.

Outra “zona vermelha” é o balcão da urgência central, onde os doentes observados após a triagem. “Há muita gente que, quando chega aqui, descontrola-se. Se tem um tempo de espera muito grande, isso passa a ser determinante no comportamento e contribui para serem violentos, incorretos e até malcriados”, afirmou o médico Mario Nantchama, chefe da urgência central. Os incidentes têm aumentado, acrescentou, e revelam “situações familiares que não são de fácil controlo”.

“Nos últimos dois ou três meses existiram alguns casos, por parte de doentes e acompanhantes, em que a polícia ajudou bastante. Não sei onde isto teria ido parar se a polícia não tivesse ajudado”, complementou o médico Andriv Koval.

Mas não são só os casos de agressão ou de violência doméstica que estão a crescer: há, cada vez mais, fome. Se as pessoas nem podem comprar comida, muito menos têm para medicamentos, como salientou Andriv Koval: “alguns chegam com sinais de fome e pedem logo uma sopinha”.

Segundo a PSP, um terço dos casos de polícia registados nas urgências do Hospital Amadora-Sintra, no primeiro semestre de 2012, correspondeu a agressões. Num total de 2816 casos, 983 foram agressões, 857 acidentes de trabalho, 462 acidentes de viação e 299 intoxicações.

Foram ainda registados 58 tentativas de suicídio, igual número de mordeduras de animal, 51 agressões com arma branca, 19 queimaduras, 17 violações ou tentativas de violação e 12 agressões com arma de fogo.

No mesmo hospital, onde a PSP tem um posto desde 1 de abril de 1996, o número de casos de polícia em 2011 foi de 9642.

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