A neurocientista norte-americana Megan Carey, do Centro Champalimaud, em Lisboa, foi contemplada com uma bolsa de cerca de dois milhões de euros do Conselho Europeu de Investigação, para aprofundar o estudo sobre a coordenação do movimento pelo cérebro.
O anúncio foi feito hoje em comunicado pela Fundação Champalimaud.
A investigadora, a trabalhar desde 2010 no Centro Champalimaud, onde lidera o Laboratório de Circuitos Neuronais e Comportamento, já tinha recebido, em 2014, uma bolsa do Conselho Europeu de Investigação, no valor de 1,5 milhões de euros.
Com esta verba, a sua equipa desenvolveu um ‘software’ que lhe permitiu identificar, em ratinhos, as “contribuições específicas de uma parte do cérebro – o cerebelo – para a coordenação da caminhada”.
Agora, com a nova bolsa atribuída pelo Conselho Europeu de Investigação, instância da Comissão Europeia direcionada para a ciência, Megan Carey “planeia comprar novos equipamentos e contratar investigadores, que se dedicarão a desvendar os circuitos neuronais responsáveis pela aprendizagem de novos padrões de caminhada”.
“A equipa espera determinar como os componentes espaciais e temporais do controlo motor são codificados e comunicados através de circuitos neuronais no cérebro”, refere o comunicado da Fundação Champalimaud, ao qual pertence o centro de investigação onde trabalha a neurocientista norte-americana, acrescentando que a linha de estudo, que tem a duração de cinco anos, vai incluir “análise quantitativa do comportamento” e análise genética dos circuitos neuronais envolvidos.
A ideia é ver como o cérebro “aprende a coordenar o movimento de todo o corpo enquanto caminha em ambientes diferentes”, explica Megan Carey, citada no comunicado, salientando que se trata de “um desafio para os sistemas robóticos mais sofisticados”.
Em estudos anteriores, a neurocientista descobriu, em experiências realizadas com ratinhos, uma relação entre a velocidade da caminhada e a velocidade da aprendizagem e identificou circuitos neuronais que “reajustam a posição e a sincronização das patas dos ratinhos quando colocados em ambientes novos”.
As descobertas foram feitas graças a um ‘software’ que foi criado para monitorizar e analisar em detalhe a locomoção em roedores, o LocoMouse, que recolhe e avalia dados sobre as trajetórias neuronais (a atividade dos neurónios, que são células cerebrais) implicadas nos movimentos corporais.
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