Não há “milagre económico”, mas “excesso de linguagem”, desculpa-se Pires de Lima

O ministro da Economia voltou atrás na palavra. Pires de Lima reconhece ter cometido um “excesso de linguagem” quando se referiu à existência de um “milagre económico”. Para o governante, é preferível “exagerar nos elogios” ao que a oposição tenta “desvalorizar”.

As empresas exportadoras portuguesas estão bem e recomendam-se, mas não são nenhum “milagre económico”. O autor da expressão, o ministro da Economia, voltou atrás na palavra e reconheceu ter cometido um “excesso de linguagem”.

Em causa estavam “os sinais de retoma”, que a oposição procurava “desvalorizar”. Para Pires de Lima, é preferível “exagerar nos elogios”, mesmo que por vezes aconteça “manifestamente um excesso de linguagem”, como ontem explicou durante as jornadas do PSD e CDS dedicadas ao emprego.

“Acho que é bem preferível, eventualmente, exagerar nos elogios que eu tenho feito às empresas por serem as grandes obreiras desta recuperação económica, tendo como parceiro o papel do Estado e do Governo, do que, permanentemente, como fazem os partidos da oposição, desvalorizar os sinais de retoma económica, de crescimento económico, desvalorizando com isso o esforço que as empresas têm estado a fazer”, defendeu.

“Toda a gente percebeu” que a referência ao “milagre económico” servia de contrapeso à estratégia da oposição, a qual “desqualifica o trabalho que as empresas em Portugal estão a fazer e que tem tradução muito nítida nos indicadores de crescimento económico” dos últimos três trimestres, assim como na “diminuição gradual, lenta mas consistente, do desemprego”, continuou Pires de Lima.

Mesmo sem “milagre económico”, o Governo vai manter a aposta “muito importante” no fomento industrial, um tema “prioritário na agenda da recuperação económica para os próximos anos”.

“De tal forma que Portugal teve o gosto, a semana passada, de receber os meus homólogos de Espanha e de Itália e liderar uma posição comum na Europa do Sul para que o tema da reindustrialização seja um tema central na agenda europeia e com isso possa gerar mais oportunidades de emprego”, reforçou o ministro da Economia.

Pires de Lima “não podia ter sido mais oportuno” ao explicar o verdadeiro sentido da expressão “milagre económico”, ajudou Marco António Costa, porta-voz do PSD, também presente nas jornadas de ontem: “comprova que não é verdade o que a oposição diz”.

“Temos esbarrado permanentemente numa parede de indiferença e intransigência”, acusou Marco António Costa, repetindo o “convite cívico” de Passos Coelho ao PS para a definição de estratégias consensuais para o pós-troika.