“Não aconselho Portugal a tentar obter” um perdão como a Grécia, diz ministro alemão

Portugal não deve exigir que, tal como fizeram com o resgate aos gregos, sejam aliviados os juros e os prazos dos empréstimos, aconselha o ministro das Finanças alemã. “Eu não gostaria de ser comparado com a Grécia”, argumenta Wolfgang Schäuble.

O Eurogrupo prepara-se para rejeitar que Portugal venha a beneficiar do alívio dos empréstimos, na semelhança do que ocorreu com a Grécia e que o próprio presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, admitiu ser desejável. A Alemanha e a França recusam baixar as taxas de juro ou prolongar a maturidade dos reembolsos, alegando o caráter de exceção da crise helénica.

O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, resumiu o pensamento no Parlamento Europeu, quando questionado sobre o assunto pelo eurodeputado português Diogo Feio: “não aconselho Portugal a tentar obter a mesma coisa”.

O motivo é que essa “mesma coisa” seria “um sinal terrível” para os mercados. “Eu não gostaria de ser comparado com a Grécia”, reforçou Schäuble, insistindo para o político eleito pelo CDS-PP: “não vos aconselho a ir mais longe nessa reflexão”.

Também no Parlamento Europeu, o ministro das Finanças francês, Pierre Moscovici, afirmou que nem Portugal, nem Irlanda devem procurar as mesmas respostas para situações que “não são as mesmas” do que a grega.

“Creio que, evidentemente, não se deve imitar a solução que encontrámos para a Grécia. Tratando-se de Portugal, pelo contrário, o programa está no bom caminho, a sua aplicação segue como previsto. Este país deve colocar-se numa perspetiva totalmente diferente e pode fazê-lo”, ajuizou Moscovici.

Ainda não é conhecida a decisão do Eurogrupo, pois a reunião só começou pelas 17h00 (16h00 em Portugal continental), em Bruxelas, mas as expetativas apontam para que os ministros das Finanças da Zona Euro recusem repetir, para Portugal e Irlanda, as medidas que concederam à Grécia para reduzir a dívida a níveis considerados sustentáveis.