O Parlamento “ponderou, pensou, não se precipitou” e deu hoje um “grande sinal” de democracia na votação que chumbou a despenalização da eutanásia, “uma questão superior à consciência individual dos deputados, defendeu a fundadora do movimento Stop Eutanásia.
“Evidentemente que estou muito, muito contente, muito com a noção de missão cumprida. Muito contente também por ver também que este parlamento ponderou, pensou, não se precipitou e acho que foi logo um grande sinal da democracia”, disse Sofia Guedes à Lusa.
A Assembleia da República chumbou hoje os projetos de lei do PAN, BE, PS e PEV para a despenalização da eutanásia.
O projeto do PAN teve 107 votos a favor, 116 contra e 11 abstenções. O diploma do PS recebeu 110 votos a favor, 115 contra e quatro abstenções.
O projeto do BE recebeu 117 votos contra, 104 a favor e oito abstenções. O diploma do PEV recolheu 104 votos favoráveis, 117 contra e oito abstenções.
Sobre a vitória tangencial, Sofia Guedes disse que este resultado até poderia ser encarado como inesperado face à realidade parlamentar de uma maioria de esquerda de apoio ao Governo.
“Vencer o contra por alguns votos, o que interessa é que a maioria também teve uma atitude ponderada, sobretudo tendo em conta o contexto que é o nosso parlamento. O que seria previsível para fora é que se calhar o sim à eutanásia ganhasse, mas não foi esse o caso, porque há aqui uma questão que é superior à consciência individual dos deputados e superior à própria política. Era um grande risco e nesse aspeto estamos todos de parabéns”, disse a fundadora do movimento civil Stop Eutanásia.
Sofia Guedes deixou também uma saudação ao PCP pela “coerência enorme em relação àquilo em que acreditam” e ao parlamento, pela abertura para ouvir a sociedade civil, mas disse que o debate “está praticamente todo por fazer”.
“As pessoas ainda não estão de todo esclarecidas, temos ainda muito trabalho pela frente, mas é um trabalho que trará muito sentido à nossa vida. Penso que Portugal está de parabéns”, disse.
Questionada sobre a divisão no parlamento que a votação revelou, com o chumbo da despenalização a ganhar por poucos votos, a fundadora do Stop Eutanásia admitiu ter consciência que este não é um assunto encerrado politicamente.
“Sabemos perfeitamente que este assunto irá voltar, portanto sabemos também muito bem que não podemos parar”, disse, explicando que o movimento não vai deixar morrer o tema “de maneira nenhuma” e que quer esclarecer e ouvir as pessoas “para que saibam exatamente quais são as implicações de uma lei como a da eutanásia”.
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