Cultura

“Montanha-russa” leva problemas da adolescência ao palco do S. João

As tentativas de responder à pergunta “Quem sou eu?” são o fulcro da peça “Montanha-russa” que sobe na quinta-feira ao palco do Teatro Nacional de S. João, no Porto.

De autoria de Inês Barahona e Miguel Fragata, “Montanha-russa” é um musical sobre a adolescência que, embora mergulhe na dimensão mais secreta e privada dos adolescentes e na luta destes pela descoberta de quem são, se destina a todo o público.

Uma montanha-russa – a Ciclone – estacionada na Alemanha é o cenário da peça construída com base nos problemas dos adolescentes e na sua busca diária de uma identidade em construção.

Com música ao vivo dos Clã, “Montanha-russa” – que se estreou no passado dia 09 de março, na sala Garrett, do Teatro Nacional D. Maria II – retrata a vivência e as preocupações de quatro adolescentes no seu percurso, sem deixar de retratar os picos de euforia e de depressão da adolescência.

Nesta fase da vida, em que se vai “do topo do mundo ao lugar mais profundo”, como diz a “Canção da primeira vez”, interpretada por Manuela Azevedo, as vivências e as angústias que os quatro jovens experimentam em palco não destoam das que os adolescentes vivem na realidade durante esse período de transição.

“O tempo é um tecido cinzento que nos enrola”, diz uma das canções da peça, espelhando o descontentamento com a demora da passagem do tempo.

Diários escritos por adolescentes entre as décadas de 1970 e 2000, letras de canções, filmagens, entrevistas e audição de confissões sobre questões que os preocupam, e que os autores designaram por “confessionário”, foram o ponto de partida para a peça, baseada num trabalho de recolha e pesquisa de ano e meio, como explicaram à Lusa Inês Barahona e Miguel Fragata, antes da estreia, em Lisboa.

Depois de entrar na fase de criação, o espetáculo foi acompanhado por um “pequeno comité”, composto por 15 adolescentes de Lisboa e Porto, que foram convidados a seguir todo o processo, assistindo a ensaios, colaborando com a estratégia de comunicação e na organização de uma noite ‘teen-friendly’.

No Porto, essa festa realizar-se-á na sexta-feira, no átrio do S. João, logo após o espetáculo, e conta com a presença do DJ Francisco Aires Pereira.

Todo o processo de criação foi acompanhado pela artista plástica Maria Remédio, que realizou um documentário, “Canção a meio”, a exibir no sábado.

“Montanha-russa” resultou de conversas com o diretor do Teatro Nacional D. Maria II, Tiago Rodrigues, que, na sequência do trabalho anterior da dupla – “The wall” – lançou o repto aos autores para trabalharem a tensão entre o mundo das crianças e o dos adultos, explicou Miguel Fragata.

“Rapidamente surgiu a ideia de ser um espetáculo com música ao vivo, porque sentíamos que a música tinha uma importância muito grande”, neste universo, disse. “Depois, pensámos em pôr a música e os diários em diálogo, criando assim a ideia de “intimidade e a de palco”.

Uma verificação curiosa para a dupla que escreveu a peça, e com a qual ficaram surpreendidos, foi o facto de os adolescentes de hoje continuarem a ter as mesmas preocupações e angústias que os de outras gerações.

Responder à pergunta “Who am I?” (“Quem sou eu”), com uma ideia de ajuste de contas e de agressividade ou passividade relativamente à família, sem perder a identificação muito forte com o grupo de pertença, tal como os adolescentes vivem, é assim matéria-prima desenvolvida durante o espetáculo.

Em “Montanha-russa”, as questões permanecem as mesmas e têm a ver com a de descoberta, de vivência de algo pela primeira vez, assim como com uma ideia de ajuste de contas e de agressividade ou passividade relativamente à família. Que é quase uma obsessão, por vezes, afirmou Inês Barahona.

Com dramaturgia de Inês Barahona e encenação de Miguel Fragata, que juntos formam a companhia Formiga Atómica, “Montanha-russa” tem interpretação de Anabela Almeida, Carla Galvão, Miguel Fragata e Bernardo Lobo Faria.

A música original é de Helder Gonçalves, dos Clã, o movimento de Marta Silva, o desenho de som de Nelson Carvalho e o de luz de José Álvaro Correia.

Com cenografia de F. Ribeiro e figurino de José António Tenente, “Montanha-russa” pode ser vista no S. João até 10 de junho, com espetáculos à quarta-feira e ao sábado, às 19:00, às quintas e sextas, às 21:00, e, aos domingos, às 16:00.

Lusa

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