Falando à margem da inauguração de uma exposição de fotografias de Ingebor Lippman na fundação que tem o seu nome, Mário Soares assumiu que “a crise está instalada” e não poupou críticas à “falta de sensibilidade” do atual Governo.
“Se o Governo tivesse sensibilidade talvez se demitisse, mas como não tem sensibilidade não se demite por enquanto. Mas devia demitir-se, como já devia ter demitido o senhor Miguel Relvas e não demitiu”, referiu o ex-Presidente da República.
Para Soares, a solução deveria passar, à semelhança do que aconteceu em Itália, pela nomeação de um novo Governo, sem recurso a eleições antecipadas. Afirmando que “depende do Presidente da República”, Cavaco Silva, dar início a esse processo, Soares mostrou-se ainda preocupado com a atual “destruição” da função social do Estado, iniciada após o 25 de abril.
“Estamos num momento de crise e está a tentar-se destruir uma parte daquilo que foi feito desde o 25 de abril de 1974 até agora. Tudo aquilo que é social está a ir abaixo e é por isso que o Governo está numa situação de crise e que os portugueses se manifestaram sábado passado de uma maneira tão espontânea e tão clara”, declarou o ex-chefe de Estado.
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