O secretário-geral do PCP recordou hoje que José Saramago nunca escondeu, pelo contrário, ser comunista, numa sessão evocativa do 20.º aniversário da distinção do autor com o prémio Nobel da Literatura, no centro de trabalho Vitória, em Lisboa.
Jerónimo de Sousa citou mesmo o escritor, falecido há oito anos, quando em 1998, no mesmo espaço de militância comunista celebrou a conquista com centenas de outros “camaradas” de partido: “eu hoje, com o prémio, posso dizer que, para ganhar o prémio, não precisei de deixar de ser comunista”, disse Saramago na altura.
“Sim, Saramago não precisou de se esconder, nem se quis esconder e a sua notável e reconhecida obra, para lá do Nobel, expressão de um sensível e humano olhar sobre os problemas do homem e da humanidade e o seu destino (futuro), seria outro sem a visão do mundo dessa sua condição que com orgulho assumiu”, afirmou o líder comunista.
O autor de “Memorial do Convento” ou “Ensaio Sobre a Cegueira”, entre muitos outros títulos, que morreu em 2010, com 87 anos de idade, foi um “escritor que veio do povo trabalhador, a quem amou e foi fiel”, segundo Jerónimo de Sousa.
“Esse homem que amando o seu povo, amou Abril, com tudo o que comportou de sonho, de transformação e de avanço progressista. Esse homem, escritor e comunista, que o PCP jamais deixará de o celebrar não apenas com um escritor maior da literatura portuguesa, mas também como o homem comprometido com os explorados, injustiçados e humilhados da terra, que assumiu valores éticos e um ideal político do qual não abdicou até ao fim da sua vida”, exaltou.
Para o secretário-geral comunista, “aqueles que apostam em ver arredado da nossa memória e da história do nosso povo, o registo desse património de luta e de transformação revolucionária, não só estão confrontados com a determinação deste partido de não o deixar esquecer (…), mas também com o indestrutível e propulsor testemunho de desejo de justiça que brota do “Levantado do Chão” e das palavras de José Saramago.
“Uma bandeira, com toda a certeza, que este partido continuará a manter de pé ondulando no território e horizonte da nossa luta, onde povoam os imaginados, mas tão verdadeiros Domingos Mau-Tempo, João e António, a Gracinda e Amélia Mau-Tempo ou os ‘Canastra’ como o Sismundo e a Joana ou ainda o Manuel Espada e as reais Catarinas, os Adelinos dos Santos, os Caravelas, os Casquinhas da nossa memória mais recente, mas também os Gervásios e os Mirandas e muitos outros que conhecemos de uma vida inteira conduzindo a luta do seu Partido no seio da sua gente”, continuou, referindo personagens criadas pelo autor.
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