As modelos iranianas que fizeram fotos sem usar véu foram detidas

Depois do Facebook, o Instagram. As autoridades do Irão realizaram uma megaoperação para identificar os autores de um crime ‘bárbaro’: publicar fotografias de mulheres com o cabelo descoberto. Por não usarem o véu, são imagens “não islâmicas”. Oito pessoas foram detidas.

Pode não acreditar, mas é verdade. Ao abrigo de uma lei de 1979, que permite às mulheres revelar o rosto desde que o cabelo esteja tapado pelo véu, a polícia identificou mais de 170 profissionais da moda (modelos, fotógrafos, designers, maquilhadores e jornalistas) e deteve (oficialmente, pelo menos…) oito delas por publicarem fotografias “não islâmicas” no Instagram.

A situação nem é propriamente nova, como lembrou Mostafa Alizadeh, um porta-voz do Centro para a Vigilância e Combate do Cibercrime Organizado, Mostafa Alizadeh, lembrando uma ação semelhante em 2013: “Esterilizar o ciberespaço popular é o nosso objetivo. Fizemo-lo em 2013 com o Facebook e agora voltamo-nos para o Instagram”.

“Promiscuidade”

Javad Babaei, procurador do Tribunal de Cibercrimes de Teerão, foi à televisão estatal ‘explicar’ que as agências de modelos são responsáveis por “produzir e a espalhar a promiscuidade e uma cultura imoral e não islâmica”, pois são autores de um quinto das publicações “não islâmicas” no Instagram.

Uma modelo, Elham Arab, foi mesmo interrogada em direto, mas tapando o cabelo com um lenço: já ‘bastou’ as fotos ‘vergonhosas’ que publicou no Instagram com os cabelos descobertos.

“Podem ter certeza de que nenhum homem vai querer casar-se com uma modelo cuja fama venha da perda da honra”, ‘confessou’ a modelo, em direto para todo o país.

programa de TV. Não, o principal responsável era “o inimigo”, forma como o Irã denomina o Ocidente e suas influências indesejáveis.

“O inimigo está a investir para criar uma geração sem nenhuma força de vontade. Precisamos evitar quaisquer ações que contrariem os valores do ‘establishment’”, salientou o procurador do Tribunal de Cibercrimes.