Cerca de 30 bolseiros de investigação científica confrontaram hoje o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior com a demora na sua passagem a contrato, que Manuel Heitor garantiu que acontecerá até ao fim de agosto deste ano.
“Nem pode haver outra hipótese”, afirmou o ministro aos jornalistas à saída de um simpósio no Instituto Tecnológico e Nuclear, na Bobadela, concelho de Loures.
Manuel Heitor dirigiu-se aos manifestantes para lhes dizer que vai reunir-se com eles e garantir que “todas as instituições abrem concursos em tempo devido”.
O ministério da Ciência e Ensino Superior tem estado a “pressionar todas as instituições” que tutela para que promovam os concursos, que “demoram algum tempo” e que têm que estar resolvidos até ao fim de agosto.
Para Manuel Heitor, “abusou-se da figura do bolseiro” em Portugal e na Europa, uma situação em que não há benefícios sociais como subsídio de férias, Natal, e em que os descontos para a Segurança Social são voluntários.
Os contratos não são definitivos, mas Manuel Heitor rejeitou que sejam outra forma de precariedade, apontando que duram em média seis anos, acima da média 3-4 anos que se verifica na Europa.
Uma das manifestantes e investigadora do Instituto Superior Técnico, Dulce Belo, afirmou que é precária há 16 anos e que nos últimos dois tem estado à espera da transformação da bolsa em contrato.
“A diferença que faz é ter um emprego estável em vez de viver de bolsa em bolsa há mais de 15 anos”, disse à agência Lusa.
O programa de regularização dos vínculos precários da administração pública (Prevpap) está a deixar de fora “os doutores deste país”, afirmou, salientando que são “cientistas que orientam teses de doutoramento, gerem projetos e têm linhas de investigação”.
“Se as universidades portuguesas estão nos ‘rankings’, também é devido a estas pessoas e aos artigos que publicam”, referiu.
A presidente da Associação de Bolseiros de Investigação Científica, Sandra Pereira, disse à Lusa que há pelo menos “2.000 bolseiros no regime transitório” à espera de ter contrato, uma parte dos cerca de 10.000 que “nunca vão ter uma reforma digna e estão há dezenas de anos no sistema”.
“O ministro disse que quer três por cento do Produto Interno Bruto na ciência. Nós também queremos”, declarou.
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