Uma ‘boca’ de António Prôa, deputado do PSD, durante a audição de Artur Manuel Lami, diretor-geral das Atividades Económicas (DGAE), teve como vítima colateral outra deputada do PSD, Francisca Almeida.
O caso passou-se na comissão parlamentar de inquérito que investiga a aquisição de equipamentos militares, com destaque para o caso dos submarinos.
Prôa tentou provocar José Magalhães ao sugerir que o deputado do PS pretenderia ser consultor, com o visado a deixar uma afirmação polémica.
“Ao contrário da deputada Francisca Almeida, não trabalho numa firma de advogados que consta dos autos e assessora a DGAE, por exemplo”, reagiu José Magalhães.
A parlamentar social-democrata não gostou da insinuação e anunciou, em direto, que iria renunciar à comissão de inquérito.
“Colaboro, pontualmente, no escritório do Porto. Não tinha conhecimento da carteira de clientes do escritório de Lisboa e que a DGAE estava incluída. Nunca participei em qualquer desses processos. Não tenho acesso, ainda assim, para que não restem dúvidas, vou pedir para sair da comissão e ser operada a substituição junto do meu grupo parlamentar”, afirmou Francisca Almeida.
“Correu mal”
O incidente ocorreu durante a audição de Artur Manuel Lami na Comissão Parlamentar de Inquérito aos Programas de Aquisição de Equipamentos Militares (aeronaves EH-101, P-3 Orion, C-295 e F-16, submarinos U-291, torpedos e blindados Pandur II).
Francisca Almeida, a primeira vice-presidente da comissão, é colaboradora remunerada da sociedade de advocacia Cuatrecasas, Gonçalves Pereira desde 2006, de acordo com a Lusa.
A deputada, eleita pela primeira vez em 2009, é ainda membro da Assembleia Municipal de Guimarães.
Após o anúncio da renúncia, António Prôa criticou José Magalhães por aproveitar a “experiência parlamentar para criar um incidente numa comissão que lhe está a correr muito mal”. Um incidente processado de “forma rasteira e envolvendo uma colega”, reforçou.
Cecília Meireles, do CDS, acrescentou que o deputado socialista tem vindo “a tirar coelhos da cartola, mas sempre que puxa um fio saem-lhe dirigentes, políticos, ministros do PS, um pai do PS, uma mãe do PS, um avô do PS e todos os caminhos vão dar ao PS”, numa alusão aos contratos de contrapartidas relativos à compra de dois submarinos pelo Estado português a um consórcio alemão.
A atitude de Francisca Almeida foi elogiada pela outra extremidade do hemiciclo. O coordenador do BE, João Semedo, referia que a deputada “protege-se a si própria e ao Parlamento” quando foi interrompido por Prôa.
Médico de profissão, João Semedo prescreveu ao deputado do PSD “uns lexotans”, um medicamento tranquilizante, “e algumas doses de boa educação”.
Veja a troca de acusações a partir dos 45 segundos:
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