Incêndios: Investigador iliba os eucaliptos e aponta “falta de coragem” aos decisores políticos

A maior fatia da culpa dos incêndios não é dos eucaliptos, defende Ernesto de Deus, mas sim dos decisores políticos. “O eucalipto não tem culpa. O problema é a falta de gestão florestal”, refere o investigador do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa.

Em entrevista à agência Lusa, este especialista aponta o dedo à falta de “coragem política para obrigar os proprietários a cederem a gestão das suas propriedades a uma entidade com capacidade técnica para o fazer em áreas de dimensão compatível com uma verdadeira gestão florestal”.

“O que prevejo é que irá continuar a reinar a livre iniciativa, à revelia das iniciativas legislativas que acabam de ser aprovadas”, antecipa Ernesto de Deus.

De acordo com o investigador, o eucalipto, que muitos apontam como o responsável pela escalada de alguns incêndios, vai continuar a ser a espécie dominante em Portugal enquanto “reinar a livre iniciativa” nas propriedades florestais.

“O eucalipto não tem culpa”, insiste: “O problema é a falta de gestão florestal nos eucaliptais e a sua implantação desregulada”.

O eucalipto, pelo rápido retorno, torna-se na aposta de todos os proprietários, mesmo os que possuem terrenos pequenos, sem escala “para fazer uma gestão adequada dos eucaliptais”.

Após o incêndio de Pedrógão Grande, foram aprovadas alterações legislativas que limitam as explorações de eucaliptos, mas o efeito será quase nulo, segundo este especialista: “Dificilmente ocorrerão mudanças com o impacto desejado”.

“Falta coragem política para obrigar os proprietários a cederem a gestão das suas propriedades a uma entidade com capacidade técnica para o fazer em áreas de dimensão compatível com uma verdadeira gestão florestal”, explica Ernesto de Deus, lembrando que o novo diploma regulamentador das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) continua “a deixar a cargo dos pequenos proprietários” a implementação do plano de gestão florestal da ZIF.

“Perante isto, o que se prevê é que as decisões de gestão ou não gestão continuem a ser feitas à escala da micro-propriedade, por centenas de milhares de proprietários de parcelas com áreas da ordem das centenas de metros quadrados como acontece numa boa parte do país, nomeadamente na área de expansão do eucalipto”,concluiu.

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