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“A falácia da década é ‘os contribuintes não vão pagar nada’”, diz Bagão Félix

O antigo ministro das Finanças, Bagão Félix critica a recapitalização do Novo Banco, uma “nacionalização de perdas”, num processo “inquinado”, que terminará com o contribuinte a pagar. No espaço de opinião na TSF, o economista defendeu que o comprador, a Lone Star, “acabará por receber para ficar com o banco e o fundo de resolução continua a pagar para que o comprador fique com ele”. “Os megalómanos andam por aí contentes e felizes… E nós pagamos”, afirma.

No programa de opinião da TSF, Bagão Félix analisou os prejuízos do Novo Banco e a probabilidade de a fatura ser apresentada, mais cedo ou mais tarde, ao contribuinte. “A minha convicção, infelizmente, é que sim…”, começou por dizer.

“Eu recordo que, em agosto de 2014, quando o antigo Espírito Santo foi dividido em dois – o banco bom e o banco mau –, foi-nos dito que o banco bom estava devidamente capitalizado e expurgado de ativos problemáticos…”, lembra o economista.

“Foi-nos dito também que este caso de resolução do antigo Espírito Santo ‘não tinha custos para o contribuinte’ – talvez a falácia da década”.

Depois de viajar pelo nascimento do Novo Banco, Bagão Félix aborda outro facto: “Tem havido sempre prejuízos”.

“Nos 14 trimestres da sua vida, apresentou prejuízos em 13. E as faturas vão aparecendo…”.

“Este banco tem uma particularidade. É privado nos lucros, quando os houver, mas é público nos prejuízos”, assinala.

O caso “não é virgem”, lembra o antigo ministro das Finanças, mas há um dado novo: “O montante começa a ser muitíssimo elevado”.

“O erário público já contribuiu com 17 mil milhões de euros com os bancos que tiveram de ser intervencionados. Este valor, que nós pagámos ou vamos pagar, significa três vezes e meia o lucro do Estado em IRC. Significa duas vezes o orçamento anual do Serviço Nacional de Saúde. É 9,1 por cento do PIB atual”, compara.

“Afinal, o Novo Banco não era tão bom como se dizia”, prossegue o economista.

“O comprador, a Lone Star, acabará por receber para ficar com o banco. E o fundo de resolução continua a pagar para que o comprador fique com ele”.

“Eu bem sei que as regras europeias são estúpidas e obrigaram a que o banco fosse vendido dentro de um determinado prazo. Com o vendedor aflito, o comprador beneficia. Bom teria sido que o banco tivesse ficado na esfera pública, até ser saneado de impurezas, e depois transacionado. O que aconteceu foi que a Lone Star pôs mil milhões no banco, mas não comprou por mil milhões. Pôs mil milhões numa coisa que é sua. E vai receber até 3,9 mil milhões de apoio do fundo de resolução, que é uma entidade pública”, alerta.

Bagão Félix fala numa “nacionalização de perdas”, num processo “inquinado”, que terminará com o contribuinte a pagar.

Correndo o risco de ser “demagógico”, Bagão Félix lamenta que “qualquer desgraçado que não pague uma prestação, vê logo penhorados os seus bens. É um caloteiro, sem apelo nem agravo. Ao invés, decisores de créditos às vezes obscenos e sem garantias minimamente adequadas, continuam a ser grandes profissionais”.

“Os contumazes devedores de crédito, megalómanos, andam por aí contentes e felizes… E nós pagamos. Esta é a saga da falácia da década: ‘os contribuintes não vão pagar nada’”, conclui.

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