O frio provocou gripes e outras doenças graves para grupos vulneráveis, como os idosos, mas essa pode não ser a única explicação para uma realidade que o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge assinala: houve 3000 óbitos em Portugal, entre 20 e 26 de fevereiro, número muito acima da média, para esta altura do ano.
Baltazar Nunes, do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), revela que nesta semana de fevereiro “diversas causas” estiveram na base da mortalidade, sobretudo em idosos, mais vulneráveis às condições meteorológicas, mas também com maiores despesas com medicamentos e cuidados de saúde.
E em duas semanas apenas, houve mais de 6100 mortes. Segundo a Associação de Médicos de Saúde Pública, que está preocupada com o cenário, as medidas do Ministério da Saúde – como o aumento das taxas de moderadoras –, associadas ao agravamento da situação económica das famílias, podem justificar uma fuga aos cuidados de saúde.
O presidente daquela associação, Mário Jorge, fala em “aumento brutal” das taxas moderadoras, ainda que manifeste algumas reservas, ao associar esta medida do Governo ao excesso de mortalidade.
DGS preocupada
O recente pico de mortalidade assinalado no mês passado, sobretudo com as 3000 mortes registadas em apenas uma semana, fez soar o alarme nas autoridades. A Direção Geral da Saúde já admitiu a preocupação com a subida da mortalidade prematura.
Os registos da mortalidade em Portugal têm estado em foco ao longo do último mês. Primeiro, devido a uma semana inusitada, a terceira de fevereiro, durante a qual foram registadas 3000 mortes em Portugal, número muito superior ao habitual. Agora, é a subida da taxa de mortalidade prematura que concentra as atenções.
Segundo os últimos dados disponíveis, um em cada quatro portugueses falece antes de chegar aos 70 anos. As doenças crónicas não transmissíveis são as principais responsáveis, nomeadamente os problemas respiratórios, os acidentes cardiovasculares, as diabetes e o cancro.
A Direção Geral da Saúde está a estudar o problema, embora sejam públicas algumas indicações que deviam ser mais respeitadas, nomeadamente os que se reportam ao controlo dos fatores de risco: tabagismo, hipertensão arterial e o colesterol elevado. “Mesmo apesar da crise financeira e económica que se vive, é possível melhorar o padrão de alimentação saudável nos portugueses”, reforçou Francisco George.
O INSA vai realizar uma investigação profunda a estes dados da mortalidade, numa parceria com a Direção-Geral da Saúde.
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