Ex-piloto da Ryanair: “Esta crise vai ser longa. Até uma garrafa de água temos de pagar”

A Ryanair tem estado sob foco pelo cancelamento de centenas de voos e um antigo piloto revela “a verdadeira razão” para o problema. “A menos que a Ryanair trate melhor os pilotos, esta crise vai ser longa”, garante James Atkinson.

Agora a trabalhar para uma companhia chinesa, James Atkinson acusa a Ryanair, num artigo de opinião hoje publicado pelo The Guardian, de abusar dos pilotos. Estes estão a cansar-se e abandonam a companhia aérea, o que levou a este súbito cancelamento de centenas de voos. Só no último ano financeiro terão saído mais de 700 pilotos.

“Hordas de pilotos saem da Ryanair enquanto ainda são novos, aceitando ofertas dos EAU ou China, ou ficam na Europa se tiverem sorte”, explicou o piloto que lá trabalhou entre 2006 e 2014: “Eu fui para a China, onde regulamente recebo chamadas de antigos colegas que querem saber como se podem candidatar”.

 

“O diretor da companhia, Michael O’Leary, insulta abertamente os pilotos”, lembrou James Atkinson, frisando ainda a “política de destruir qualquer tentativa de obtenção de negociação contratual coletiva”.

“A estratégia de controle da Ryanair é baseada na muito velha tática dividir para reinar, mantendo contratos e mesmo formas de trabalho diversas entre o pessoal com o mesmo trabalho”, explicou.

Quem mais sofre são os pilotos subcontratados: “São obrigados a assinar contratos com uma das poucas agências que fornecem serviços de pilotos exclusivamente para a Ryanair e esses contratos são escritos como propostas de ‘pegar ou largar’, sem direito a qualquer tipo de negociação”.

Os abusos são tantos que, se um piloto quiser uma garrafa de água durante o voo, “tem de a pagar”.

No artigo de opinião, James Atkinson conta como era o trabalho quando estava na Ryanair: colocações regulares fora da base em dias de folga e sem pagamento extra, com o piloto a ter de pagar a estadia no hotel quando o voo de ligação era no dia seguinte, e escalas com cinco dias de voos consecutivos.

“A fadiga de voar para a Ryanair é muito real”, concluiu: “Agora, ao ritmo a que eles saem, não conseguem substituir os pilotos”.

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