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Ex-comandante Pipa Amorim critica “alheamento” do comando do Exército em almoço com 400 pessoas

O ex-comandante do Regimento de Comandos Pipa Amorim condenou hoje o “total desinteresse” e “alheamento” do comando do Exército para com os militares acusados no processo pela morte de dois instruendos, num almoço que reuniu 400 pessoas.

Destinado a manifestar “solidariedade” para com o tenente-coronel Pipa Amorim, que se afirmou “separado prematuramente” do comando do Regimento, o almoço reuniu 400 pessoas, na maioria militares, no ativo e na reserva ou na reforma.

No final do almoço, que se prolongou pela tarde, em Lisboa, Pipa Amorim dirigiu-se aos militares do Regimento que marcaram presença na iniciativa, reconhecendo o seu “desassombro” e advertindo que passarão a ser considerados ‘persona non grata’.

“O facto de estarem hoje aqui, junto ao vosso comandante, é uma missão de risco, pois será considerada uma ação conspiratória e passarão a ser ‘persona non grata’ por quem não comunga dos nossos ideais e princípios éticos”, declarou.

O tenente-coronel, que recusou falar aos jornalistas por estar a aguardar a passagem à reserva, disse no seu discurso que desde o primeiro dia à frente do Regimento foi confrontado com “imorais ações persecutórias e com o alheamento e indiferença a que foram votados 19 dos melhores militares da Unidade”.

“Um total desinteresse pelos seus legítimos direitos, aspirações e expetativas, abandonados à sua sorte, sem que nunca lhes tenha sido manifestada qualquer solidariedade institucional nem preocupação pelos constantes atentados à sua idoneidade, e bom nome”, que consistiram, disse, num “verdadeiro julgamento em praça pública”.

Pipa Amorim defendeu que “as Forças Armadas devem ser objeto de uma cultura de compromisso e consenso institucional entre as várias forças políticas e os diferentes órgãos do Estado”.

“Pelo que não são concebíveis as constantes e soezes intoxicações mediáticas e as cabalas contra estes militares”, criticou.

“Inexplicavelmente, contrariando o obrigatório dever de tutela e a expetável ação de comando, são contemporizadas pelo comando do Exército numa postura consentida ou assumida que se insere em contextos que nada tem a ver com o bem da instituição”, acusou.

Organizado pelo tenente-coronel, na reforma, Tinoco Faria, a iniciativa teve na “comissão de honra” o anterior Chefe do Estado-Maior do Exército, Carlos Jerónimo, que se demitiu do cargo em 2016, na sequência de afirmações polémicas do então diretor do Colégio Militar.

Os generais Faria Menezes e José Antunes Calçada, que se demitiram em divergência com o atual Chefe do Estado-Maior do Exército por causa da forma como geriu o caso de Tancos, o embaixador António Tangêr Correa e o coronel comando Raul Folques também marcaram presença no encontro.

No seu discurso, o coronel Raul Folques, que falou na qualidade do comando “mais antigo presente”, recusou “que a iniciativa tenha “pretensões de natureza política”, sendo antes uma homenagem ao ex-comandante do Regimento de Comandos e enalteceu a sua “carreira competente, diversificada e muito distinta”.

“Coragem moral, frontalidade e honestidade é o que se exige” aos comandantes, disse Raul Folques, que disse recusar “o silêncio” face a “sucessivos e premeditados constrangimentos” sobre os instruendos e instrutores envolvidos nos processos de justiça.

Os militares envolvidos no processo pela morte de dois instruendos do 127.º curso, afirmou, “foram acusados com mediatismo e rotulados de forma infame, ostracizados e nunca convenientemente defendidos pela instituição que servem”.

O coronel Pipa Amorim foi substituído pelo tenente-coronel Eduardo Pombo, em despacho do CEME, Rovisco Duarte, datado de 08 de maio, segundo noticiou o DN, em julho.

Questionada pela Lusa, a porta-voz do Exército, major Elisabete Silva, disse que a substituição do comandante Pipa Amorim se insere na “normal gestão normal de recursos humanos”.

Quanto ao almoço de homenagem a Pipa de Amorim, a porta-voz do Exército disse que o ramo encara com naturalidade, uma vez que é corrente haver “despedidas informais” quando um comandante cessa funções.

Lusa

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Lusa

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