Uma investigação científica em Cabo Verde concluiu que a extração de energia das ondas no arquipélago pode abastecer a totalidade da energia consumida nas ilhas do Maio e Brava e 15 a 20 por cento da utilizada na ilha de Santiago, onde está a capital.
O estudo está a ser elaborado pelo investigador da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade de Cabo Verde, Wilson Léger Monteiro, em colaboração com o docente António Sarmento, do Instituto Superior Técnico (IST) de Lisboa.
Em entrevista à agência Lusa, Wilson Léger Monteiro referiu que as ondas do mar em Cabo Verde ainda não são aproveitadas para a produção de energia neste país, onde a eletricidade é a mais cara de África.
Publicado recentemente na Revista de Desenvolvimento de Energia Renovável, do Centro de Biomassa e Energia Renovável da Universidade Diponegoro, da Indonésia, o estudo – que faz parte de uma investigação maior – concluiu que a costa leste da ilha do Maio é um dos locais privilegiados para a produção de eletricidade limpa.
Para tal foram analisados dados de 31 anos de ondas e vendas, através de um programa europeu (Streamlining of Ocean Wave Farm Impact Assessment – SOWFIA) e do software Simulating Waves Nearshores (SWAN).
Segundo o investigador, tendo em conta informações como as séries temporais do clima de ondas (altura, período e direção) e sobre o vento no oceano, foi possível ver o potencial de produção de energia em alto mar e também perto da costa.
“Em alto mar, anda à roda dos 15,16 Kilowatt por metro de frente de ondas. Este potencial vai diminuindo à medida que nos aproximamos da costa”, disse.
O investigador garante que uma central de extração em alto mar permitiria assegurar o consumo de ilhas mais pequenas, como a do Maio e a Brava, assim como 15 a 20 por cento da ilha que mais consome energia: Santiago.
Para Wilson Léger Monteiro “faz todo o sentido” aproveitar a força das ondas para a produção energética, mas desde que se escolham os “dispositivos corretos”, tendo em conta o clima de ondas em Cabo Verde.
“Já li alguns estudos que indicam que o nosso Governo tenciona comprar alguns dispositivos Pelamis para implementar centrais de aproveitamento de energia das ondas em Cabo Verde”, mas este “é o menos indicado neste contexto”, pois o melhor é o Wave Dragon e o AquaBuoy.
Apesar de o conteúdo energético das ondas ser maior em alto mar, tal pressupõe “uma tecnologia mais complicada”, além de obrigar a intervenções e atividades de manutenções mais difíceis.
Por esta razão, a investigação abordou também a possibilidade de se recorrer a dispositivos costeiros “mais acessíveis, simples e baratos”.
Wilson Léger Monteiro acredita que brevemente Cabo Verde terá uma ou duas centrais de aproveitamento de energia das ondas, de aplicação em alto mar.
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