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“Vacinação não é um concurso de beleza”

Durão Barroso, presidente da Aliança Global para as Vacinas (GAVI, na sigla internacional), acusou as farmacêuticas de estarem mais preocupadas com os “ganhos financeiros” do que com a pesquisa de uma vacina que permita acabar com a “fase aguda” da pandemia de covid-19.

Segundo o ex-presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro português, o esforço das farmacêuticas tem sido direcionado para os acordos bilaterais para venda de vacinas, numa lógica de “competição desenfreada” que é errada face a um vírus que “não respeita fronteiras”.

“Os fabricantes devem comprometer-se a ajudar a acabar com a fase aguda da pandemia e isso significa trabalhar diretamente com a Covax [a plataforma internacional de distribuição equitativa de vacinas] em vez de buscar maiores ganhos financeiros por meio de acordos bilaterais”, sustentou Durão Barroso.

O presidente da GAVI destacou a importância de “investir na capacidade de manufatura” nos países mais pobres, que são os que mais sentem a escassez de vacinas, bem como o apoio ao fabrico “por meio de acordos de transferência de tecnologia”.

“A luta não deve ser entre países ou instituições ou empresas, mas sim entre as vacinas, de um lado, e o vírus, de outro. Isto não é uma competição ou um concurso de beleza entre países, o que está em causa é a própria vida das pessoas”, sustentou.

Numa entrevista à Lusa, por escrito, Durão Barroso considerou “muito difícil” um levantamento de patentes das vacinas, de forma a licenciar a produção, à semelhança do que é feito com os medicamentos genéricos.

“Além, obviamente, da grande divergência entre os interesses em jogo”, esse levantamento de patentes “não leva em consideração a complexidade do seu desenvolvimento científico e tecnológico, que geralmente envolve milhares de etapas e um grande ‘know-how’”, sendo assim “diferentes dos medicamentos que podem ser fabricados por produtores de genéricos”, explicou.

Insistindo na necessidade de cooperação por parte das farmacêuticas, Durão Barroso lembrou ainda as mutações do coronavírus, que têm provocado novas variantes da covid-19.

“Parece cada vez mais claro que os fabricantes poderão ter que se ajustar à evolução viral, incluindo, potencialmente, o fornecimento de futuras doses de reforço. Isso torna a necessidade de acesso equitativo às vacinas mais importante do que nunca, pois quanto mais tempo deixarmos o vírus espalhar-se sem controlo, maiores serão as oportunidades de ele sofrer mutações e de haver reinfeções e mesmo novos surtos da pandemia”, alertou.

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