Deputado confessa “aldrabice eleitoral” na Madeira, nas eleições Presidenciais de 1980

Numa entrevista ao DN, António Fontes, deputado madeirense, revela que os resultados das Presidenciais de 1980 – ganhas oficialmente por Soares Carneiro – foram “adulterados”. O ex-militante da JSD conta que participou na “chapelada” e garante que houve uma “aldrabice eleitoral”.

Corria o ano de 1980 e Portugal, que conquistara a democracia poucos anos antes, elegia o Presidente da República. Eram as segundas Presidenciais após o 25 de Abril de 1974 e decorreram a 7 de dezembro de 1980.

Ramalho Eanes, o Presidente em exercício, contava com o apoio de toda a esquerda: desde socialistas a comunistas. Soares Carneiro era o seu opositor e tinha o apoio da Aliança Democrática, formada pelo PSD, CDS e Partido Popular Monárquico.

O ato eleitoral decorreu três dias depois da morte de Sá Carneiro e do ministro da Defesa Amaro da Costa, num acidente aéreo em Camarate.

António Fontes (deputado madeirense, advogado, ex-militante da JSD e irmão de Paulo e Rui Fontes, ex-secretários regionais e homens fortes de Alberto João Jardim) traz para a atualidade esse ato eleitoral.

Numa entrevista ao Diário de Notícias, António Fontes garante que os resultados eleitorais na Madeira foram “adulterados”, com a vitória de Ramalho Eanes a transformar-se no triunfo de Soares Carneiro – ainda que Eanes tenha sido eleito Presidente da República e a derrota na Madeira não tenha impedido a sua eleição.

“Os votos foram adulterados para que aparecesse Soares Carneiro a ganhar”, conta António Fontes, nesta entrevista, falando em “chapelada” e “aldrabice eleitoral”.

Fontes, atual deputado do PND, espera que não se repita agora “o que viu nas presidenciais de 1980”.

Em causa está a vitória do PSD de Miguel Albuquerque. A maioria foi ganha, mas retirada, após recontagem dos votos.

Porém, após a eleição de mais um deputado da CDU (que retirava o domínio parlamentar dos sociais-democratas), a maioria foi ‘devolvida’ ao PSD.

Um “erro informático” esteve na base desta confusão eleitoral na Madeira. E é neste cenário que António Fontes recorda o episódio de 1980.