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Carvalho da Silva sai após “acordo suicidário” e no esplendor da luta sindical da CGTP

A paradoxal despedida de Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, dá-se no XII Congresso da Intersindical, que surge na ressaca da assinatura de um acordo de concertação social “suicidário”, considerado um “retrocesso civilizacional” e “o maior ataque que poderia ser feito aos trabalhadores”. Numa altura em que se adivinha o acentuar da luta laboral e o reforço da ação sindicalista, devido às medidas de austeridade, o dirigente da CGTP sai de cena. Ou talvez não.

O histórico dirigente da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, Carvalho da Silva, participa no derradeiro congresso, que marca o adeus ao cargo de dirigente máximo da central sindical. Rosto da luta pela defesa dos trabalhadores, Carvalho da Silva deixa a CGTP num período de agitação social, num dos anos mais difíceis para trabalhadores e desempregados.

Mas se sai do cargo de secretário-geral, Carvalho da Silva mantém-se como uma voz ativa na luta sindicalista. Este XII Congresso da Intersindical, que decorre em Lisboa, elegerá um novo líder, mas não representa o voto de silêncio de um homem de origem humilde, que se licenciou e escolheu a defesa dos trabalhadores como o seu ato cívico de maior expressão.

O sindicalista abriu hoje os trabalhos do congresso, naquela que foi a sua última intervenção. Antes, à porta da Assembleia da República, logo após a assinatura do acordo de concertação social, Carvalho da Silva fez um discurso efervescente, num dos últimos grandes ataques a um Governo “que ataca os mais fracos”.

Filho de uma família de agricultores e licenciado em Sociologia (no seu curso, apresentou um trabalho sobre ‘Ação social: transformação e desenvolvimento’, onde abordou problemas laborais), lutou sempre pelos direitos dos das classes vítimas de trabalho precário, capítulo que não se encerra com a saída do cargo de secretário-geral.

Essa recente intervenção versou os novos desafios dos trabalhadores, perante um novo quadro laboral que a CGTP não apoia. Carvalho da Silva abandona o cargo com o sentimento de que o novo cenário “vai reforçar o poder patronal” e “cortar direitos do trabalho e reduzir a remuneração”.

Com críticas veladas a João Proença, secretário-geral da UGT, que rubricou o acordo com o Governo e os patrões, Carvalho da Silva falou em “ingenuidade” e não compreende o argumento daquele sindicalista, que deu relevância à retirada da meia hora diária de trabalho.

A porta da Assembleia da República, Carvalho da Silva acusou o Governo de deitar por terra algumas das vitórias da luta sindical, “ao longo de décadas”, com este acordo de concertação social. E esta será a primeira grande batalha de Arménio Carlos, sindicalista que entrará em funções a partir de amanhã, numa eleição com vencedor antecipado.

Os sindicalistas da CGTP vão eleger hoje o novo líder, sendo que Arménio Carlos deve render Carvalho da Silva no cargo de secretário-geral, com ou sem consenso na votação.

Carvalho da Silva encerra um capítulo iniciado em 1986, reforçado em 1999, data da sua eleição como secretário-geral da Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (designação original). Antes, exercera a função de coordenador daquele sindicato, contabilizando 25 anos de luta sindical.

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