Um estudo cujo resumo foi ontem publicado na revista Neuron dá uma pista para uma futura explicação do autismo: nas crianças com esta condição, os cérebros têm sinapses a mais.
De acordo com os investigadores do Centro Médico da Universidade de Columbia, que analisaram tecidos cerebrais de crianças falecidas (com idades entre os 2 e os 20 anos, sendo que metade era portadora de autismo), há partes do cérebro em que as sinapses são tantas que comprometem a capacidade do próprio cérebro em reduzi-las.
A descoberta ajuda a explicar alguns dos sintomas do autismo, como os ataques epilépticos e a sensibilidade excessiva a ruído ou experiências sociais, mas ainda está longe de permitir aos investigadores avançarem com uma explicação para a condição.
Fica, contudo, aberta a porta para a descoberta de um tratamento que minore os efeitos do autismo, nomeadamente se for possível conceber uma terapia para eliminar as sinapses em excesso.
As sinapses vão sendo reduzidas com o tempo, permitindo que o cérebro, ao formar-se, desenvolva competências específicas em certas áreas. Com o excesso de sinapses, as crianças autistas ficam com um excesso de estímulos.
Ao aprofundar a investigação numa área do lobo temporal responsável pelo comportamento social e pela comunicação, os cientistas viram que os cérebros das crianças com autismo apresentam muitas mais dendrites (as ramificações dos neurónios) do que as crianças normais: com mais conexões entre os neurónios há mais sinapses (a transmissão de um sinal entre dois neurónios).
Os investigadores concluíram ainda que, quanto mais velhas as crianças vão ficando, mais se agrava essa diferença no número de dendrites.
O neurobiólogo David Sulzer, que coordenou o trabalho, resumiu a explicação a um exemplo: uma criança com autismo de 3 anos tinha (à data da morte) muito mais sinapses do que qualquer criança saudável, independentemente da idade desta.
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