Autárquicas: Televisões criticam lei “restritiva” e recusam cobrir a campanha eleitoral

À luz da lei, todas as candidaturas são iguais, o que não se coaduna com o trabalho jornalístico. Para não correrem riscos, as três televisões de sinal aberto – RTP, SIC e TVI – optaram por não cobrir a campanha eleitoral para as autárquicas de 29 de setembro, avança hoje o Público.

As três televisões de sinal aberto – RTP, SIC e TVI – vão abster-se de cobrir a campanha eleitoral para as autárquicas de 29 de setembro, adianta hoje o jornal Público. Em causa está a lei eleitoral, mais precisamente a “interpretação restritiva” que obriga os órgãos de comunicação social a tratarem todas as candidaturas por igual. O boicote televisivo será estendido aos canais de informação ligados às estações principais: RTP Informação, SIC Notícias e TVI 24.

O exemplo avançado para demonstrar a impossibilidade de dar a mesma cobertura noticiosa é o da Câmara de Lisboa. Entre as oito listas, há duas que vão discutir o triunfo eleitoral, de acordo com o historial e as sondagens, outras que assumem como ambição a representação na vereação e algumas cuja possibilidade de elegerem um representante é ínfima.

Como há centenas de municípios em Portugal, as três televisões defendem não ter meios para acompanhar todas as ações de candidatura de todos os candidatos, de forma a manter a cobertura noticiosa como manda a lei, independentemente da dimensão ou influência do candidato.

“Estamos a ser encurralados para a não-cobertura porque a Comissão Nacional de Eleições confunde propaganda com matéria informativa”, sustentou o diretor de informação da RTP, Paulo Ferreira, ao Público, com este jornal a garantir que a ideia é partilhada pelos responsáveis da SIC e da TVI.

Embora não seja uma medida concertada, as três televisões estão coligadas na argumentação: a cobertura noticiosa de uma campanha eleitoral implica a edição das imagens e declarações recolhidas, o que inviabiliza o acompanhamento de casos como Lisboa, onde há oito listas para a Câmara.