Artigo de opinião da Dra. Cláudia Ferrão – Núcleo de Estudos de Doenças Respiratórias da SPMI Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Asma vale a pena relembrar alguns dados e conceitos importantes acerca desta doença. É uma doença respiratória que afeta cerca de 300 milhões de pessoas no Mundo. Atinge pessoas de todas as faixas etárias sendo uma causa frequente e potencialmente séria de doença crónica. Como qualquer doença crónica, pode causar limitação de atividade profissional e física dos atingidos, apresentando períodos de agudização que às vezes requerem avaliação médica urgente e podem ser fatais. Constitui por isso uma importante causa de morte, incluindo em jovens, sendo que 96% dos casos ocorrem em países pobres/em desenvolvimento. Em termos de sintomas, os doentes queixam-se de chiadeira, falta de ar, dor no peito e/ou tosse. Estes sintomas são consequência das alterações que ocorrem na via aérea onde existe uma inflamação crónica responsável pelo espessamento da parede dos brônquios com “aperto” dos mesmos e aumento da produção de muco. Estes sintomas podem variar em intensidade e frequência ao longo da vida, apresentando períodos de agravamento (exacerbações). A boa notícia nesta doença é que a doença pode ser devidamente controlada e tratada. O tratamento base assenta nos corticoides inalados que diminuem a gravidade e frequência dos sintomas e das exacerbações. São objetivos de um bom controlo da asma: não ter sintomas de dia ou de noite não necessitar de medicação em SOS ter uma vida produtiva e fisicamente ativa evitar agudizações sérias ter testes respiratórios normais Para se atingirem estes objetivos devemos: Evitar causas de exacerbação/agravamento dos sintomas. São causas de exacerbação as viroses (é importante aderir às vacinas do COVID e Influenza); os alergénios (pó, pólen, fungos); tabaco (evitar exposição passiva ou ativa); stress. Alguns medicamentos desencadeiam crises de asma, como é o caso da aspirina ou dos anti-inflamatórios não esteroides que devem por isso ser evitados. O exercício físico deve ser encorajado, embora possa agravar sintomas caso não haja um bom controlo prévio da asma. Existem estratégias médicas definidas para estes doentes que podem, por exemplo, usar o seu inalador antes de iniciar a atividade desportiva. Identificar doenças que podem estar associadas à asma: a rinite, rinosinusite crónica, doença do refluxo gastro-esofágica, obesidade, apneia do sono, depressão e ansiedade são as doenças mais frequentemente associadas a esta doença e que devem ser tratadas. No dia a a dia, em casa, devemos: evitar alcatifas e cortinas que acumulam pó os tapetes devem ser frequentemente lavados evitar humidade nas casas pela acumulação de fungos evitar a presença de pelos de animais dentro de casa não fumar dentro de casa usar aspiradores com filtro HEPA para aspiração de pó evitar ter a casa muito frio, uma vez que o frio pode provocar hiperreatividade das vias aérea Por fim, mas não menos importante, todos os doentes devem ter um plano de ação combinado com o seu médico assistente. Nele, deve constar a medicação diária, a medicação a fazer em caso de agravamento e em que situações deverão recorrer ao serviço de urgência. A mensagem final que quero passar é que embora seja uma doença que assusta é possível controlá-la e ter uma vida perfeitamente normal devendo para isso ser adotados estilos de vida saudáveis. As medidas que foram descritas anteriormente podem ajudar a atingir os objetivos de um bom controlo da asma, reduzindo por isso a morbilidade e a mortalidade associada à doença.