Os cientistas desconfiavam de que Alzheimer poderia estar escondida no corpo, muito antes de se revelar, e o estudo que acaba de ser publicado na revista ‘The New England Journal of Medicine’ comprova essa teoria.
Através da análise cerebral, é possível perceber a presença da doença, cerca de 25 anos antes de se manifestarem perdas cognitivas ou problemas de memória, os primeiros sintomas que, atualmente, permitem estabelecer o diagnóstico.
Segundo este estudo, que esteve a cargo de uma equipa liderada pelo cientista Randall Bateman, há diversas alterações no cérebro que resultam da doença de Alzheimer, muito antes do paciente começar a sentir aqueles sintomas.
Com este trabalho científico, poderá ter sido dado um importante passo no sentido de avançar num diagnóstico extremamente precoce, o que permitirá melhores resultados no combate à doença.
As conclusões deste estudo vêm confirmar suspeitas de diversos investigadores, que já tinham recolhido, no passado, diversos sinais de que a doença de Alzheimer poderia estar ‘disfarçada’ no corpo humano, durante anos, sem se manifestar. De acordo com esta pesquisa aponta-se 25 anos como distância entre a possível deteção da doença e as primeiras manifestações da mesma.
“São descobertas emocionantes, já que pela primeira vez se confirma o que já suspeitávamos: a doença tem início anos antes dos primeiros sinais de declínio cognitivo ou perda de memória”, salienta Lurie Ryan, diretora de ensaios do Instituto Nacional do Envelhecimento (EUA).
Esta detenção de Alzheimer um quarto de século antes das perdas cognitivas ou de memória é possível percebendo algumas mudanças biológicas, entre as quais o aumento de placas beta-amiloides – responsáveis pelo bloqueio de neurónios em pacientes com Alzheimer –, ou através de alterações estruturais, como a contração de regiões do cérebro.
Na elaboração deste trabalho, os investigadores analisaram 128 pacientes, sendo que todos partilhavam um aspeto em comum: tinham familiares com demência, o que aumenta os riscos de poder sofrer de Alzheimer. Também o historial da família foi observado, bem como a idade em que a doença se manifestou nesses familiares.
Depois, contabilizaram o tempo que distou entre essas alterações morfológicas no cérebro e a manifestação dos sintomas de Alzheimer. Em alguns casos, esse período distou 25 anos.
O estudo leva a que se possam avançar em novos métodos de prevenção da doença. Segundo realça Randall Bateman, coordenador da pesquisa, “quanto mais a comunidade médica e científica sabe sobre Alzheimer, mais perto fica de criar tratamentos eficazes”.
O mal de Alzheimer ainda é incurável, mas existem diversos fármacos que permitem contrariar os efeitos desta doença degenerativa. De acordo com a associação Alzheimer Portugal, existem em solo luso cerca de 154 mil pessoas com demência, sendo que mais de metade têm doença de Alzheimer.
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