As empresas proprietárias da central de Almaraz, na Estremadura espanhola, estão a estudar a possibilidade de construção de mais um depósito de resíduos nucleares (ATI), apesar de o fecho da central estar previsto para 2028.
O diretor da Central Nuclear de Almaraz, Rafael Campos, citado pela imprensa regional estremenha, disse na apresentação do relatório semestral de atividades da unidade, este fim de semana, que o projeto de construção de um novo ATI (armazém temporário individualizado) está numa fase “inicial”, sendo ainda cedo para saber qual será a sua configuração, localização ou caraterísticas.
“Terá de se ver as necessidades que temos e, em função disso, fazer o desenho correspondente. No nosso setor tudo se faz com tempo”, precisou Rafael Campos, ao mesmo tempo que sublinhava que, independentemente do horizonte temporal da central, o combustível nuclear utilizado terá de ser extraído das “piscinas”, pelo que a central tem de “estar preparada”.
O dirigente da central assegurou que, até ao seu encerramento, a unidade vai continuar a funcionar “com a máxima eficácia e segurança”.
Portugal apresentou queixa em Bruxelas contra Espanha depois de os Governos dos dois países não terem conseguido chegar no início de 2017 a acordo sobre a construção de um primeiro ATI em Almaraz.
Lisboa acabou por retirar a queixa, depois de a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) ter elaborado um relatório em que se sublinhava que o ATI era uma “solução adequada” que “permite confirmar a sua segurança” ao nível dos padrões internacionais.
O novo ATI seria necessário construir porque se prevê que o primeiro esteja saturado até 2027 e, na sequência do desmantelamento da central a partir de 2028, seria também necessário ter um local para depositar o combustível nuclear.
Os proprietários da central nuclear espanhola de Almaraz chegaram em março último a um acordo para pedir a renovação da licença de exploração da fábrica até 2028.
As empresas proprietárias de Almaraz querem renovar a licença de exploração por mais 7,4 anos (2027) para o reator I da central e de 8,2 anos (2028) para o II.
O acordo respeita o estipulado num protocolo assinado com a Enresa, a empresa pública responsável pela gestão dos resíduos radiativos, que prevê o encerramento de todos as centrais nucleares espanholas entre 2025 e 2035.
As cinco centrais nucleares em funcionamento em Espanha – Almaraz (Cáceres), Vandellós (Tarragona), Ascó (Tarragona), Cofrentes (Valencia) e Trillo (Guadalajara)-, que têm um total de sete reatores nucleares, cumprem 40 anos de vida útil entre 2023 (Almaraz) e 2028 (Trillo).
Um ATI é uma instalação que armazena temporariamente, até se armazenar definitivamente, todos os elementos de combustível radioativo gerados na operação de uma central nuclear.
A central nuclear de Almaraz está situada a cerca de 100 quilómetros de Portugal, numa das margens do rio Tejo.
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