Quantos dos que estão a ler este artigo adiam coisas para mais tarde? Aquela visita a um amigo ou um familiar? Aquele jantar com a cara metade? A viagem de sonho? O projeto de vida sempre adiado?
Nem sempre a vida é como a gente quer e nem sempre a estrada se percorre pelo rumo pretendido. O destino, de todos sem exceção, será o mesmo; uns de uma forma, outros de outra, mas se há coisa que ninguém escapa é da morte.
E quando alguém tem uma doença terminal as interrogações e pensamentos são muitos. Os sentimentos que invadem alguém que tem pouco tempo previsto de vida são inimagináveis.
Por isso, o testemunho de Ricardo Marques é aterrador mas, ao mesmo tempo, inspirador, por revelar um lado positivo que é possível ter na vida mesmo quando tudo se afigura negativo.
Presente num programa da TVI, Ricardo Marques contou a sua história e explicou que não tem medo do futuro e, com um sorriso no rosto, explica-se.
“Se eu soubesse que se tivesse muito, muito, muito medo, a coisa evoluía favoravelmente e resolvia-se, aí em enchia-me de medo mas não é o caso”, referiu Ricardo Marques, enquanto respondia a uma questão sobre como se sente.
“Eu confesso que ainda não tenho. Tive quando foi no caso do cólon e dos intestinos, até no pós-operatório aquilo correu um bocado mal. Eu estive nos cuidados intensivos e perdi 18 quilos em poucos dias”, revelou Ricardo Marques.
“Agora na fase dos pulmões ainda não tenho aquelas dores e aquele cansaço que já seria de esperar”, disse este doente, realçando que vai tendo “uma vida ativa”.
“Tenho, sim, algumas dores e sinto os efeitos secundários da quimioterapia agressiva que estou a fazer”, relatou Ricardo Marques, enquanto que, a seu lado, Sónia Oliveira, a esposa, diz que “é difícil ver o amor da nossa vida com este prognóstico”.
Perante um amanhã incerto, Sónia Oliveira diz que tenta ajudar Ricardo Marques a sentir-se um homem realizado.
“Nós falamos bastante e mesmo que eu não partilhe com outras pessoas, com ela partilho, quando me sinto mais inseguro. Eu digo-lhe. Partilho, partilho”, sublinhou Ricardo Marques, que faz, nesta altura, quimioterapia paliativa.
Uma das questões que se fazem é como se encara esta situação e Ricardo Marques não esconde que inicialmente enfrentou uma fase de “revolta”.
“Eu depois de passado aquele período inicial da revolta e do choque procurei de outra forma”, desabafa, explicando como encara a doença.
“Pode parecer um choque mas foi assim que eu encarei. Eu já estou morto e agora vou viver”, concluindo que agora tenta aproveitar a vida ao máximo. “Exato”, concluiu.
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