A dor de Ulrich é ver o Estado a injetar 1300 milhões de euros no BPI

Portugal vai injetar 1300 milhões no BPI, através de obrigações subordinadas, no âmbito do plano de recapitalização do grupo. Para o presidente da Comissão Executiva do banco, Fernando Ulrich, é “doloroso”, mas “são as regras do jogo”.

O BPI precisa de ser recapitalizado, para cumprir as diretivas europeias da Banca, mas não o conseguirá fazer sem o apoio do Estado. Portugal terá de injetar 1300 dos 1500 milhões programados, através da emissão de obrigações subordinadas de conversão contingente (CoCos) por parte do Estado. Os atuais acionistas terão de aumentar o capital até 200 milhões de euros, embora o plano de recapitalização lhes garanta reserva de preferência.

O programa foi aprovado hoje, em Assembleia Geral realizada na Fundação de Serralves, no Porto. A grande maioria do capital social – 78,9 por cento – esteve representada na reunião onde foi aprovada, por unanimidade, a entrada do Estado no grupo BPI.

Para o presidente da Comissão Executiva do banco, o processo de subscrição das Cocos será “doloroso”, mas inevitável. “Ter de emitir dívida subordinada com um custo tão alto como esta é doloroso para os acionistas do banco, mas são as regras do jogo e o BPI vai cumprir. O que vamos é procurar reembolsar o mais rapidamente possível essas obrigações subscritas pelo Estado”, justificou Fernando Ulrich, revelando que os reembolsos serão semestrais e graduais ao longo de cinco anos, tendo início em 2013.

Os restantes oito pontos da ordem trabalhos também foram aprovados por unanimidade, com destaque para a autorização para o Conselho de Administração “poder deliberar um aumento de capital por entradas em dinheiro, do atual valor de 999 milhões euros para 1190 milhões de euros”, e para a supressão dos direitos de preferências dos acionistas.