Bastaram apenas quatro minutos para perceber que o Zenit de André Villas-Boas viajou para Lisboa com os olhos postos na vitória. No momento em que Hulk tem um toque de magia, já a defesa do Benfica cometera pelos menos dois erros defensivos graves, erros provocados pela equipa russa (até onde pode chegar este Zenit?).
Jorge Jesus via a sua equipa perdida, totalmente dominada, quase incapaz de criar uma verdadeira oportunidade de golo, apesar dos muitos remates (sem perigo).
Ao segundo erro defensivo, Danny isola-se e obriga Artur a fazer uma falta que impede que o português se isole. O cartão vermelho era inevitável e percebera-se, talvez precipitadamente, que a equipa portuguesa não seria capaz de importunar o rival.
Da falta de Artur nasce um livre, de um livre surge um canto e do canto… o canto do Cisne. Paulo Lopes – que rendera Talisca, o sacrificado pela expulsão de Artur – ainda tentou evitar o inevitável. Mas defendeu a bola no interior da baliza.
Deste 2-0 precoce resultaram dois factos: os jogadores do Benfica mudaram a expressão. Eram o rosto da descrença, disfarçada com alguns toques de magia, com Salvio e Gaitán a lutar contra uma maré guerreira.
As aventuras de Maxi no ataque e a classe indisfarçável de Enzo foram, naquela altura do jogo, as poucas boas notícias para Jorge Jesus. Os adeptos, na bancada, desesperavam, também eles desiludidos.
Percebeu-se que o jogo estava decidido. E estava. Mas não deixa de ser surpreendente o modo como o Benfica encarou o segundo tempo, sem descrença, com motivação.
O Zenit, como é óbvio, sentiu que a vitória estava garantida e deixou os minutos correr, estratégia que poderia ter corrido mal.
Sim, o jogo não estava decidido e coloca-se uma questão: o que aconteceria se o árbitro apontasse aquela grande penalidade sobre Salvio, no erro mais grave do juiz?
Não adianta especular, até porque o ponto alto da noite – fora dos relvados, entenda-se – estava por chegar. Foi brilhante o modo como os adeptos reconheceram o esforço (inglório, mas notável) com que os jogadores defenderam a camisola.
Na conferência de imprensa, Jorge Jesus destacou os gritos de apoio que se ouviram, como se o Benfica tivesse garantido uma vitória. E esta espécie de homenagem é a melhor forma de perceber que nem tudo foi mau na noite em que o Zenit mostrou as debilidades deste Benfica.
Hulk acaba por ser, talvez, o homem da noite, pelo golo genial que apontou: os gestos mais simples, mesmo que aparentemente, acabam por ser os mais brilhantes.
E deve ser destacada uma expressão do brasileiro. “Sei que dei uma alegria ao FC Porto”. Faz sentido?
Segue-se uma viagem a Leverkusen, para o Benfica tentar reaver o estatuto nesta Liga dos Campeões. Há quem considere o jogo decisivo, mas se tivermos em consideração que os 10 pontos alcançados na temporada passada, nesta prova, foram insuficientes para o apuramento, ainda é prematuro considerar decisiva uma segunda jornada de uma fase de grupos composta por seis jogos.
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