A bolsa nova-iorquina encerrou hoje em nítida baixa, devido à subida das tensões sino-norte-americanas, que estão cristalizadas em torno do grupo de telecomunicações Huawei e do seu eventual impacto na economia.
Os resultados definitivos da sessão indicam que o índice seletivo Dow Jones Industrial Average recuou 1,11 por cento, para os 25.490,47 pontos, e o tecnológico Nasdaq caiu 1,58 por cento, para as 7.628,28 unidades.
O alargado S&P500 desvalorizou 1,19 por cento, para os 2.822,24 pontos.
Sinal da apetência dos investidores pelos ativos considerados menos arriscados, a taxa a 10 anos da dívida dos EUA estava a descer às 20:10 de Lisboa para 2,310 por cento, o valor mais baixo desde o final de 2017.
“A combinação de grandes títulos inquietantes no mundo, de indicadores económicos negativos e de incertezas persistentes no comércio pesaram no estado de espírito dos investidores”, comentou Ken Berman, analista na Gorilla Trades.
Os investidores estão cada vez mais inquietos com a subida das tensões sino-norte-americanas, que estão polarizadas na Huawei, que foi colocada na semana passada por Washington numa “lista negra” de sociedades suspeitas.
Enquanto o número dois mundial dos ‘smartphones’ está a ser abandonado pelos seus parceiros comerciais, o chefe da diplomacia norte-americana intensificou hoje a pressão, ao acusar a Huawei de mentir sobre as verdadeiras ligações com as autoridades chinesas que, por sua parte, denunciam o “assédio” dos EUA.
Ao mesmo tempo, congressistas norte-americanos dos dois partidos (democratas e republicanos), no que foi um acontecimento raro, propuseram uma lei para proteger a futura rede de 5G nos EUA da Huawei.
“O risco é que as duas partes fiquem nas suas posições e que as tensões comerciais se prolonguem para além de 2019”, comentou Art Hogan, da sociedade de investimento National.
O Fundo Monetário Internacional, por outro lado, lançou um aviso sério aos EUA e à China, afirmando que a sua disputa ameaça a recuperação económica mundial esperada para o segundo semestre de 2019.
Informação económica dos EUA divulgada hoje reforçou esta possibilidade, com a primeira estimativa do índice PMI compósito do gabinete Markit a indicar uma forte redução do crescimento da atividade privada em maio, para os 50,9 pontos, que é o valor mais baixo nos últimos três anos.
O índice que mede a produção industrial, ao ficar nos 50,6 pontos, desceu mesmo para o seu nível mais baixo desde 2009.
“Uma vez sem exemplo, os investidores não reagiram apenas a mensagens na rede social Twitter e ao ruído envolvente das negociações comerciais”, comentou Gregori Volokhine, gestor de investimentos na Meeschaert Financial Services.
“Estes índices frescos são o primeiro sinal de que nos podemos estar a aproximar de um ponto de inflexão no crescimento” da economia norte-americana, previu.
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