À entrada para o tribunal, nesta segunda-feira, para o primeiro inquérito no caso de alegada prática de escravidão na Fraternidade Missionária de Cristo-Jovem, uma freira arguida teve uma declaração surreal.

Os membros da Fraternidade Missionária de Cristo-Jovem, de Famalicão, respondem pelo crime de escravidão.

Os arguidos foram ouvidos no tribunal de Vila Nova de Famalicão, na manhã desta segunda-feira, por suspeitas de escravidão, cárcere e maus-tratos. Mas o Ministério Público validou apenas um crime.

O primeiro interrogatório judicial começou na manhã desta segunda-feira. O padre recusou-se a prestar declarações, mas uma das fundadoras da instituição, Isabel Silva, teve uma declaração curiosa.

Questionada pelos jornalistas – que começaram por confrontá-la com o facto de já ter admitido alguns crimes – Isabel Silva reagiu com um riso evasivo.

Perante a insistência de um jornalista da RTP, que lhe pergunta se “entra tranquila para o tribunal”, Isabel Silva tem uma resposta surreal.

“Completamente… Você é bonito”, reage. Passa a mão pelo seu rosto como sem assinala a barba e continua: “Tem uma cara simpática. Agora usa-se assim…”.

Os quatro religiosos enfrentam um caso que teve origem há dois anos, depois de três noviças terem acusado os responsáveis de alegadas práticas de escravidão e maus-tratos.

À saída do tribunal, outra irmã apelou ao coração:

“Quero dizer aos jovens e aos rapazes que não se deixem prender por isto. Se sentirem no seu coração, que Jesus o chama, lhe digam sim. Porque Jesus merece tudo, até isto, porque ele foi muito mais achincalhado do que nós”.

A medida de coação para o padre e as três missionárias que respondem em julgamento mantém-se: termo de identidade e residência. Trata-se da medida de coação menos gravosa.

Isabel Silva, em declarações recentes à TVI24, confessara “uns estalozitos” nas noviças do convento, como forma de as punir, mas rejeitara as acusações que são imputadas aos arguidos.