Cultura

Visita a Serralves foi útil para recolher informação, afirma comissão de Cultura

A presidente da comissão parlamentar de Cultura, Edite Estrela, disse hoje que a visita dos deputados a Serralves serviu para recolher informação, escusando-se a comentar a polémica em torno da demissão do ex-diretor do Museu, João Ribas.

“É importante termos visto a exposição, é útil que nós vejamos ‘in loco’ quais foram as opções do curador, o que é que está exposto, qual é a sinalética adotada e, portanto, recolha de informação. Nós viemos para ver”.

A deputada socialista, que falava no final da visita guiada à exposição dedicada a Robert Mapplethorpe, no Museu de Serralves, garantiu que a visita resultou de um requerimento aprovado por maioria e não de um convite da administração.

“Não viemos a convite do museu. Foi através da aprovação do requerimento. É verdade que também houve um convite, mas isso são coincidências. [Os membros da] administração são os donos da casa, mas quem nos fez a visita guiada foi quem está agora a assumir as responsabilidades de direção do museu”, afirmou.

Edite Estrela referia-se à historiadora de arte e curadora Marta Moreira de Almeida, que trabalha no serviço de artes plásticas da Fundação de Serralves desde 1991, diretora adjunta do museu de arte contemporânea, desde o passado mês de fevereiro.

A deputada explicou ainda que “foram apresentados dois requerimentos na Comissão de Cultura por dois grupos parlamentares, o Bloco de Esquerda (BE) e o Partido Socialista (PS)”. “Ambos pediam a audição do ex-diretor do Museu de Serralves e do Conselho de Administração da Fundação”.

O do PS, acrescentou, também requeria uma visita à exposição e, por iniciativa do CDS-PP, foi proposto que essa visita antecedesse à realização das audições”, o que foi aprovado por todos os grupos parlamentares com exceção do Bloco de Esquerda, que defendia que a visita devia realizar-se depois das audições do Conselho de Administração da Fundação e do ex-diretor do Museu, João Ribas.

Segundo a presidente da comissão parlamentar de Cultura, estas audições devem acontecer no dia 16 de outubro, se as partes assim estiverem disponíveis.

Apesar de se ter escusado a comentar a polémica que envolve Conselho de Administração e ex-diretor do Museu, Edite Estrela confessou que, “pessoalmente”, gostou muito da exposição.

Entre os deputados da comissão parlamentar de Cultura que visitaram hoje a mostra dedicada a Robert Mapplethorpe, no Museu de Serralves, no Porto, contam-se representantes de quase todas as forças políticas, com a exceção do Bloco de Esquerda.

Os deputados Teresa Caeiro (CDS-PP), José Magalhães (PS), Helga Correia (PSD), Diana Ferreira (PCP) foram alguns dos nomes que marcaram presença nesta visita que foi acompanha por oito elementos do Conselho de Administração da Fundação Serralves, entre eles, a presidente, Ana Pinho, assim como Isabel Pires de Lima, Pacheco Pereira e António Pires de Lima.

A vista a Serralves ficou definida depois de aprovados, pela comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, na passada semana, os requerimentos do Bloco de Esquerda (BE) e do Partido Socialista (PS), para a realização de audições do diretor demissionário do museu, João Ribas, e da administração da Fundação de Serralves.

O diretor do Museu de Arte Contemporânea de Serralves demitiu-se a 20 de setembro, após a inauguração da mostra “Robert Mapplethorpe: Pictures”, que comissariou, por entender que não tinha condições para prosseguir o trabalho, depois de terem sido definidas zonas reservadas na exposição, e de o seu universo ter sido reduzido de 179 para 159 obras.

Durante os primeiros dias, Serralves reservou uma das salas a maiores de 18 anos, com obras consideradas mais sensíveis.

Ribas disse, num comunicado divulgado no dia 26 de setembro, que se demitira por entender que o cargo “é incompatível com ingerências, pressões ou imposições que limitem a sua autonomia técnica e artística”, e que, ao programar “Pictures”, de Mapplethorpe, teve de lidar com “restrições e intervenções”, por parte da administração da fundação, que levaram a “um ponto de rotura”.

Essas restrições, de acordo com o diretor demissionário, tiveram consequências na “conceptualização expositiva”, e obrigaram a “sucessivas reorganizações”, nomeadamente “na exibição de determinadas obras e na localização de outras”, o que levou a uma “descontextualização profunda” e a uma alteração dos trabalhos selecionados, de modo a que “a exposição fosse um todo coerente” que “promovesse de modo adequado o conhecimento e o diálogo social protagonizados por Robert Mapplethorpe”.

Segundo o diretor demissionário, estavam inicialmente selecionadas para a exposição 179 obras, mas esse número teve assim de ser reduzido para 161, pelas interferências e, depois, “no dia da inauguração”, de novo limitada a 159.

O conselho de administração da Fundação de Serralves, por seu lado, num encontro com a imprensa, garantiu, no mesmo dia, não ter mandado retirar qualquer obra da exposição do fotógrafo Robert Mapplethorpe.

“Em Serralves não há, nem nunca houve censura, nem nunca, sob a nossa responsabilidade, haverá censura. Mas também não haverá complacência com a falta de verdade, nem fuga às responsabilidades”, disse a presidente de Serralves, Ana Pinho.

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