Cerca de 25 mil pessoas saíram à rua na Grécia para protestar contra o plano de austeridade que está a ser imposto ao país. À porta do parlamento, em Atenas, a polícia foi obrigada a lançar gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes.

O parlamento grego preparava-se para debater hoje as medidas de austeridade que são impostas pela ‘troika’ antes do desbloqueio do segundo pacote de ajuda externa, mas o povo grego reagiu com violência. Após dois dias de greves e protestos, cerca de 25 mil pessoas concentraram-se em frente ao parlamento para demonstrarem a oposição às exigências externas.

Alguns elementos mais radicais lançaram pedras e ‘cocktails molotov’ em direção ao parlamento, motivando a entrada em cena da polícia. O recurso ao gás lacrimogéneo não teve a eficácia desejada porque eram vários os manifestantes já equipados com máscaras de gás. A carga policial que se seguiu embateu com os manifestantes armados com paus e pedras. Após uma retirada estratégica da parte da polícia, os manifestantes desmobilizaram da frente do parlamento e deslocaram-se para as artérias envolventes.

“Foi uma ação inesperada. Pensava que nos deixavam manifestar e voltar para casa. A polícia foi muito agressiva. Nem nas manifestações dos indignados entre maio e julho isto aconteceu”, disse Haritina, uma manifestante citada pela Lusa.

“Os polícias recebem ordens para fazer isto, também estão numa posição difícil”, complementou Petrus, médico que participou no protesto contra as medidas de austeridade.

Os que não tinham máscaras de gás recorriam a lenços e cachecóis para resistir ao gás lacrimogéneo lançado pelas forças da lei, enquanto se ouviam gritos de “assassinos” dirigidos aos polícias.

A tensão continuou durante todo o dia, sendo difícil de prever a evolução da situação nas próximas horas. O parlamento ainda não votou o novo programa de austeridade e, qualquer que seja o resultado, as autoridades contam que milhares de pessoas ainda estejam concentradas nas imediações, prontas a reentrar em protesto.

Segundo os dados disponibilizados, em Atenas terão estado cerca de 25 mil pessoas em protesto. Na praça Syntagma, frontal ao parlamento, a concentração deve ter juntado 15 mil pessoas. As outras dez mil contabilizadas pela polícia marcharam em protesto, numa iniciativa convocada por uma frente sindical.