“Vim de borla só para dar este recado. Há muita gente a passar fome”, diz Marina Mota
A atriz Marina Mota aproveitou a passagem pelo ‘Em Família’, na TVI, ontem, para protestar contra as medidas de restrição adotadas devido à pandemia de covid-19.
Lendo o artigo 58.º da Constituição da República Portuguesa, alusivo ao “Direito ao Trabalho”, a atriz afirmou que o conjunto de restrições aplicadas ao setor da cultura, “entre outros”, é “inconstitucional”.
“Estão a inibir os meus colegas. Quando digo colegas, refiro-me aos colegas técnicos de som, técnicos de luz, auxiliares de camarim, criativos, primeiro os que pensaram neste cenário, depois os carpinteiros que o construíram, as pessoas dos adereços que depois os decoram e não somos nós, os privilegiados que estamos em televisão e normalmente pagos para isso. Não é o meu caso, que hoje estou aqui de borla, mas vim de borla só para dar este recado”, atirou Marina Mota, deixando os apresentadores Cláudio Ramos e Maria Cerqueira Gomes sem palavras.
Referindo novamente a Constituição, a atriz insistiu que “há que ter igualdade de oportunidade para toda a gente”.
“E há muita gente a passar fome”, alertou Marina Mota, lembrando o caso do movimento A Pão e Água, com nove empresários da restauração a cumprir uma greve de fome em frente ao Parlamento.
“Quero solidarizar-me com os trabalhadores que estão a defender os seus postos de trabalho à frente da Assembleia da República e dizer que a cultura faz parte. A cultura é a identidade de um povo e a identidade de um povo não é Shakespeare porque senão não temos identidade”, argumentou.
Marina Mota garantiu que não pretende minimizar “os efeito trágicos desta pandemia”, mas salientou que “as pessoas que dizem ‘fiquem em casa, protejam-se’ são aquelas que têm a sua subsistência garantida ao final do mês”.
“Se nos querem em casa, paguem às pessoas para ficarem em casa. Não somos menores. Não venham dizer que vão dar 400 euros e um saquinho de batatas. Chega desta hipocrisia estúpida que estamos todos a viver”, concluiu.
