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VIH: Descobertos 17 poderosos anticorpos que podem ajudar a criar uma vacina

Uma equipa do Instituto de Tecnologia do Massachusetts, nos Estados Unidos da América, descobriu 17 novos e extraordinariamente poderosos anticorpos do vírus da sida. Esta descoberta fornece esperança para a possível produção de uma vacina contra o VIH.

Depois de analisar 1800 indivíduos com resistência ao vírus, a equipa conseguiu observar também que muitos dos anticorpos conseguiam inibir a atividade do VIH, mesmo em pequeníssimas quantidades.

“Estes anticorpos são dez vezes mais eficientes do que outros já isolados”, disse Katie Doores, uma das investigadoras do estudo, ao jornal Público. “O que significa que não é necessário provocar tanta produção de anticorpos através da vacinação”, salienta a cientista.

“A quantidade de anticorpos que se produz varia com cada pessoa. Se em pequenas concentrações o anticorpo funcionar, então mais probabilidades há da vacina funcionar”, afirmou Eugénio Teófilo, médico português que trabalha com doentes infetados pelo VIH, no Hospital dos Capuchos. 

Muitos destes novos anticorpos têm a habilidade de identificar as várias estirpes do vírus, o que certifica que uma suposta vacina proteja contra 62 a 89 por cento das estirpes, revela o estudo, publicado na ‘Nature’.

O artigo adianta ainda que os novos anticorpos identificados foram isolados após terem sido extraídos de quatro seropositivos com uma forte resposta imunitária contra o vírus da sida.

O VIH já provocou a morte de muitos milhões de pessoas em todo o mundo e devido à sua quantidade de estirpes é extremamente difícil combatê-lo. Esta é a maior dificuldade na produção da vacina contra este vírus, pois é necessário manter cada indivíduo imune contra todas as variantes.

Os anticorpos são agentes do sistema imunitário que detetam e ‘matam’ vírus, baterias e outros organismos infecciosos. No caso do VIH, devido às suas rápidas e múltiplas mutações, os anticorpos produzidos pelos seropositivos são incapazes, na sua maioria, de destruir o vírus.

No entanto, 10 a 30 por cento das pessoas infetadas com o VIH consegue produzir anticorpos particularmente competentes em encontrar o vírus. Numa pequena percentagem destes indivíduos, a quantidade de vírus mantém-se muito baixa e estas pessoas não chegam a desenvolver a sida.

Os anticorpos descobertos são moléculas que se ligam ao vírus e o assinalam como agente ‘inimigo’ para que as células do sistema imunitário o possam eliminar. É de salientar que uma pessoa só tem sida quando o corpo manifesta sinais da doença, indício de que o vírus já destruiu um grupo específico de células imunitárias e estas já se tornaram insuficientes.

Depois de o vírus se manifestar, os afetados ficam suscetíveis a qualquer tipo de doença. Atualmente, existem outras terapias de anticorpos monoclonais para várias doenças autoimunes e até para alguns cancros.

Segundo Doores, o próximo passo é tentar produzir uma vacina, isto é, criar artificialmente as moléculas do vírus que estes 17 anticorpos identificam.

Por sua vez, Eugénio Teófilo alerta que os anticorpos encontrados não conseguem evitar o início da infeção, uma vez que não percorrem as zonas do corpo que têm o primeiro contacto com o vírus. No entanto, o médico defende que a vacina pode ser terapêutica e fazer com que as pessoas infetadas controlem o vírus sem o uso de medicamentos.

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