Nas Notícias

Vídeo: Piloto de F16 explica como ajudou avião durante aterragem de emergência

O tenente-coronel Nuno Monteiro da Silva foi um dos pilotos dos caças F-16 da Força Aérea Portuguesa (FAP) que estiveram envolvidos na operação de apoio à aterragem de emergência de um avião comercial, em Beja. O militar aéreo explica como se viveram aqueles momentos.

“Desde que descolamos percorremos cerca de 70 quilómetros em seis, sete minutos até chegar à vertical onde estava a aeronave”, começa por detalhar Nuno Monteiro da Silva.

“Rapidamente percebemos que a aeronave estava com descidas e subidas muito acentuadas”, acrescentou.

O militar revela que “os verdadeiros heróis são os pilotos da Air Astana” e explica porquê.

“Conseguir voar dentro de nuvens com uma aeronave praticamente descontrolada, sem instrumentos de navegação e, logo, sem perceção da posição que tinham, passarem por um segundo momento em que saem de nuvens e ganham controlo e depois têm um anjo da guarda que os escoltam até à aterragem, penso que este momento a calma a todos num momentos extremamente emotivo”, salienta o militar.

Nuno Monteiro da Silva usou a expressão “anjo da guarda” e salientou que os militares estavam apenas a realizar a sua “missão”.

“Este trabalho de equipa que envolveu controlo de tráfego aéreo civil e militar, os radares, os dois pilotos e estes dois pilotos que tiveram um desempenho excecional, teve uma cola que foi a nossa padroeira que é a Nossa Senhora do Ar que, nestes momentos aparece para dar uma ajuda preciosa.”

O tenente-coronel explica a emoção sentida quando percebeu que o avião estava em segurança no chão.

“Intercetar uma aeronave perante todas as condições climatéricas adversas, reunir e dar o nosso auxílio e ouvir dizerem iam tentar uma amaragem [pousar na água] com condições muito pouco favoráveis criou um ponto de emoção, talvez o maior da minha carreira de 22 anos como piloto aviador”, reconhece Nuno Monteiro da Silva.

“Transmitir alguma calma aos pilotos, abstraindo-me das minhas próprias emoções, dos meus receios, obviamente, culminou com a aeronave no chão, independentemente dos estragos que fez na berma da pista e na própria aeronave. Foi um ponto de alívio para mim e para o meu asa que me ajudou bastante, como o controlo de tráfego aéreo e civil.”

Na entrevista à SIC, o militar explicou ainda que os caça já estavam com “pouco combustível” e também eles acabaram por aterrar na base aérea de Beja para reabastecer e voltar para Monte Real, onde estão estacionados.

“Emocionou-se? Muito, muito e penso que neste tipo de situações é normal ter emoções, sentir receio por mim e pelos outros mas é também normal o sentimento de missão cumprida.”

O tenente-coronel sustenta ainda que, se a opção fosse aterrar no mar, com as condições climatéricas que estavam, tem dúvidas “que tivesse um desfecho como o que aconteceu no rio Hudson” (quando o voo ‘US Airways 1549’, que fazia a ligação entre Nova Iorque e a Carolina do Norte, a 15 de janeiro de 2009, pousou na água do rio Hudson”, sem vítimas mortais.

Enquanto escoltavam o avião comercial, os pilotos dos caça portugueses tentavam ajudar o piloto da aeronave que estava sem meios de navegação aérea.

Veja o vídeo

Questionado por Bento Rodrigues, da SIC, se conseguiu ver a tripulação, o piloto da FAP explica que “não” se estabeleceu qualquer tipo de comunicação não verbal.

“Estive perto mas não consegui ver nada de anómalo no cockpit nem na janela. E também não houve qualquer tipo de comunicação não verbal”.

Em destaque

Subir