Ciência

Vídeo: Os pombos aprendem a ler, provam cientistas neozelandeses

Os pombos são, a par dos humanos, dos macacos e de um cão, capazes de aprender a ler. É certo que não conseguem decifrar uma obra de Saramago, mas entendem o suficiente para separar uma palavra de um anagrama.

A prova foi divulgada por uma equipa da Universidade de Otago, da Nova Zelândia, com uma variante do teste de ‘autoshaping’ que envolveu 18 pombos ‘Columba livia’.

O ‘autoshaping’ é uma técnica de condicionamento baseada nas famosas experiências do reflexo condicionado de Ivan Pavlov. O pombo aprende que, após surgir um ponto de luz, vai cair comida na bandeja.

Só que os cientistas da Universidade de Otago trocaram o ponto de luz por palavras, como a inglesa ‘very’, e anagramas (como ‘vrey’ ou ‘yerv’). Mudaram também a posição do estímulo, que poderia surgir em três pontos diferentes.

“Após aprenderem a ir comer à bandeja, os pombos foram condicionados a lidar com a apresentação dos estímulos em um de três locais. Só depois deste ‘shaping’ é que apresentámos a primeira palavra”, salientaram os investigadores.

Num teste complementar, a palavra ou o anagrama vinham complementados com uma estrela: o pombo tinha de bicar a palavra ou, no caso do anagrama, a estrela.

Cada palavra era exibida 50 vezes, misturadas com uma variedade de anagramas. Só depois começou a ser introduzida uma segunda palavra, mantendo a primeira, e assim em diante… ao longo de oito meses.

Os resultados foram surpreendentes. Os quatro pontos com o melhor registo aprenderam, em média, 43 palavras, mas o Q35 conseguiu identificar com sucesso 58 palavras.

“Em certa medida, a prestação dos pombos está mais próxima dos humanos do que da dos babuínos”, realçaram os investigadores, citando como exemplo o teste em que a palavra ‘door’ é substituída pela não-palavra ‘daar’.

As conclusões dos cientistas da Universidade de Otago, publicadas na Proceedings of the National Academy of Sciences, reservam a polémica para as próximas fases do estudo: “Estas descobertas comprovam que sistemas visuais que não sejam geneticamente ou funcionalmente similar ao dos humanos podem ser reciclados para entender o código ortográfico que define o que é uma palavra”.

Veja no vídeo como funciona o processo de ‘autoshaping’:

Em destaque

Subir