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Vídeo: Lembra-se do tornado em Tomar? Deu origem a projetos notáveis

tornado tomar 400 Não foram apenas consequênsicas físicas que o tornado de Tomar provocou. Há traumas psicológicos, sobretudo em crianças, medos que permanecem por curar. E terapias que mereceram distinções, pela capacidade de travar os efeitos de um fenómeno que a cidade não esquecerá. Veja o vídeo.

Recorda-se do tornado de Tomar? Ocorreu a 7 de dezembro de 2010, mas o tempo não varre a memória e as recordações de um fenómeno que deixou marcas na cidade e perturbações psicológicas, que sendo menos visíveis são mais difíceis de curar.

O vento e as chuvas fortes são hoje razão para medos, por culpa desse tornado. Há dificuldades em dormir, há recordações dos ferimentos, dos episódios responsáveis por cicatrizes no corpo e na alma.

O Jardim Escola João de Deus, em Tomar, foi um dos palcos de maior ansiedade, onde dezenas de crianças viveram o terror da incerteza, num fenómeno raro que viveram pela primeira vez.

O telhado arrancado já foi reposto, mas continuam as lembranças, as duras lembranças que se transformaram quase num problema de saúde público.

Só não o foram porque uma intervenção em saúde mental nunca vista em Tomar permitiu evitar que os traumas avançassem para doenças do foro psíquico, de acordo com a agência Lusa.

Após o tornado, as crianças manifestaram alguns comportamento de medo. Pediram aos pais para não dormir sozinhas, tiveram medo do vento ou da chuva, em casa e na escola. O vento trazia as memórias dos primeiros sinais do tornado.

Passaram cinco anos, mas ainda há emoção ao lembrar o fenómeno e a agitação que provocou. Os gritos das crianças ainda ecoam.

O tornado ainda emociona a diretora do Jardim Escola João de Deus, Alzira Peralta, a quem coube liderar o processo de socorro às crianças, dentro das paredes da escola.

“Localmente era muito difícil, não tinham meios, mas nunca baixei os braços e, de contacto em contacto, cheguei ao enfermeiro António Nabais, da Área de Pedopsiquiatria do Centro Hospitalar de Lisboa Central que, através de uma intervenção inédita, proporcionou uma progressiva tranquilidade às crianças. Estas foram encarando a situação por que passaram com mais tranquilidade e adquirindo a capacidade de ultrapassar o que viveram”, realça, citada pela Lusa.

Quatro enfermeiros levaram a cabo uma intervenção que tratou dos traumas psicológicos nas 136 crianças, com idades compreendidas entre os 3 e os 10 anos.

Essa intervenção esteve em risco, pelo impacto que provocou, em termos de absentismo laboral dos pais, por exemplo.

A terapia – inédita em Portugal – foi transportada para o contexto escolar e quatro profissionais de saúde trabalharam com as crianças, pais e professores.

Inquéritos feitos permitiram verificar que cerca de metade das crianças apresentavam possível perturbação mental. O tornado deu uma dimensão a este problema que estava bem identificado.

Grupos terapêuticos organizaram-se e trabalharam com o objetivo de permitir que as memórias fossem ultrapassadas. Contaram-se histórias, criaram-se atividades, representaram-se peças de teatro.

O projeto conquistou, em 2014, o Prémio de Boas Práticas em Saúde. Hoje, Tomar ainda tem marcas do tornado, marcas psicológicas, mas tudo foi feito no sentido de prevenir os danos.

Recorde o tornado que Tomar não esquecerá.

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