Em 2011, Paulo Portas explicou a Passos Coelho como é possível governar sem ter ganho as eleições. Nesse exemplo, o CDS saiu das eleições com 23,5 e o PSD com 23 por cento. Na ideia de Portas, governava a coligação liderada pelo CDS, mesmo que não fosse o mais votado. Passos riu-se.
Paulo Portas, líder do CDS em 2011, explicou de forma algo que o Paulo Portas de 2015, líder do CDS, não consegue entender: que partidos minoritários podem, em conjunto, atingir uma maioria parlamentar.
A explicação foi dada num debate para as legislativas desse ano, no qual Portas teve como oponente Passos Coelho, agora o primeiro-ministro cujo programa de Governo foi rejeitado pela maioria do Parlamento.
O exemplo de Portas contemplava um cenário em que o CDS tinha mais votos do que o PSD, mas cada qual bem abaixo dos 32,21 por cento alcançados pelo PS nas legislativas deste ano.
“Uma maioria não se forma com o PSD com 40 e o CDS com 10. Também se forma, e era bem melhor para o país, com o CDS com 23 e meio e o PSD com 23. Forma-se, sabe perfeitamente que é assim, quem é que forma maioria, quem é que forma maioria no Parlamento, quem é que leva ao Presidente da República uma solução maioritária”, explicou Portas.
Passos Coelho, assim que ouviu o exemplo, riu-se.
Quatro anos depois, quando a ‘maioria’ dos dois partidos da direita é menor do que a maioria de quatro partidos da esquerda, Paulo Portas fala em “tentativas de secretaria”.
Nesse mesmo debate de 2011 veio à liça o aviso de “estabilidade” de Cavaco Silva, sempre no discurso do líder do CDS.
“O doutor Passos Coelho, quando diz que o PSD tem que liderar uma maioria, não está a fazer uma boa interpretação da Constituição”, começou por referir Paulo Portas: “A questão, depois do Presidente da República ter dito que só dá posse a um Governo com apoio maioritário, é saber como é que se forma uma maioria”.
https://www.youtube.com/watch?v=O4-5IZ01Cec