Ministro da Administração Interna, no meio da calamidade do Algarve, diz que “Deus nem sempre é amigo”. Para Calvão da Silva, a vítima mortal de Boliqueime “entregou-se a Deus”. E as inundações devem-se a uma “fúria demoníaca”, a um “ato de Deus, um ‘act of God’”. Veja o vídeo.
Calvão da Silva esteve de visita ao Algarve, para avaliar os estragos provocados pelas cheias. E proferiu declarações pouco comuns num membro do Governo.
Sobre a vítima mortal de Boliqueime, o ministro da tutela considerou que o homem de 79 anos “entregou-se a Deus”. “E Deus com certeza que lhe reserva um lugar adequado”, acrescentou.
“Deus nem sempre é amigo e de vez em quando dá-nos a provação”, afirmou.
As inundações no Algarve devem-se a uma “fúria demoníaca”, a um “ato de Deus, um ‘act of God’”.
Mas Calvão da Silva recolheu, no meio desta tragédia, uma “lição de vida”: o testemunho de pessoas que lhe disseram que iriam acionar os seguros.
Ao fazerem um seguro, “reservaram um bocadinho para no futuro ter alguma coisa”.
Confrontado com o facto de nem todas as pessoas terem dinheiro para fazer um seguro, o ministro da Administração Interna recuou às suas origens transmontanas.
“Sei o que é ser pobre e tentar ser alguém. A mobilidade social funciona para todos e todos temos de ter a nossa responsabilidade também no sentido de dizer ‘eu tenho um negócio, vou fazer o meu seguro, para que, se o infortúnio me bater à porta, tenha valido a pena pagar o prémio’”, disse Calvão da Silva, num discurso que teve um cariz humano e religioso, pouco habitual nos políticos.
A verdade é que as palavras do ministro tiveram grande eco nas redes sociais, com elogios e críticas. O membro de um Governo mostrou um lado humano e fugiu ao discurso de circunstância. Transportou, literalmente, a palavra de Deus.
Veja os vídeos: