Veneza é reconhecida pela sua beleza, cultura e canais, mas também por ser considerada uma cidade que está a afundar-se. Este é um dos efeitos do aquecimento global, que aumenta o nível da água e começa a invadir cidades costeiras como Veneza, que é constituída por várias ilhas.
É a pensar neste problema que o artista italiano Lorenzo Quinn, de 51 anos, criou uma escultura de duas mãos, em tamanho gigante, que emergem do Grande Canal e seguram as paredes do histórico Ca’ Sagredo Hotel, no âmbito da Bienal de Veneza, uma exposição de arte contemporânea reconhecida.
“Eu tenho três filhos e estou a pensar na geração deles e em que tipo de mundo irão viver”, disse o artista.
A escultura, intitulada “Suporte”, foi revelada no passado dia 13 deste mês e serve também como um alerta a todas as entidades e cidadãos para as consequências do aquecimento global nas comunidades e no ambiente.
A cidade de Veneza, constituída por mais de 118 ilhas, foi fundada no século V e era suportada inicialmente por pilares de madeira, lama e fundações de mármore, pelo que nunca possuiu uma estrutura global e coesa. Agora, a cidade que faz parte do Património Mundial da UNESCO está a afundar-se cada vez mais ao longo dos anos, como consequência do aumento do nível da água do mar.
Apesar de Lorenzo Quinn ter criado a escultura para a Bienal de Veneza, o projeto não foi aprovado pela organização. Então, o artista e a galeria que o representa, a Halcyon Gallery, em Londres, decidiram trabalhar diretamente com a autarquia de Veneza.
Em apenas três semanas, Lorenzo esculpiu as mãos, que “simbolizam ferramentas que podem destruir o mundo, mas que ao mesmo tempo têm a capacidade para o salvar”, de acordo com um comunicado emitido pela galeria.
Segundo o artista, o modelo para as duas mãos foi o seu filho de 11 anos.
A escultura é constituída por espuma de poliuretano, coberta por uma resina e quatro pilares colocados a 30 metros de profundidade com uma âncora para segurar as mãos ao fundo do Grande Canal.
O hotel histórico terá o “Suporte” até ao dia 26 de novembro deste ano, que também será o último dia da Bienal. Depois disso, Quinn já confirmou que a escultura fará uma digressão, uma vez que já recebeu vários pedidos para instalar as mãos em outros monumentos que fazem parte do Património Mundial da UNESCO, como a Torre de Pisa e outras cidades que estejam ou irão sofrer as consequências das alterações climáticas.
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