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Viagem pelos 897 quilómetros de Douro dá origem a novas músicas e a documentário

O projeto 897 guiou o grupo Sons do Douro por uma viagem que começou na foz do rio e subiu até à nascente, aos Picos de Urbión, em Espanha, misturando músicas, sonoridades e tradições das comunidades ribeirinhas.

A iniciativa, incluída no projeto Douro Inclusivo, que está a ser promovido pelo Museu do Douro, com sede no Peso da Régua, termina este fim de semana com um concerto e o lançamento de um filme documentário realizado ao longo dos 897 quilómetros do rio que une Espanha e Portugal.

A ação foi realizada pelos Sons do Douro, um grupo musical de percussão contemporânea que junta 10 elementos, tem como diretor artístico Filipe Marado e utiliza pipas de vinho, cestos de vindima ou sacholas como instrumentos musicais, juntando-os à viola, guitarra, bandolim e gaita-de-foles.

Luís Carvalho, do Museu do Douro, disse hoje à agência Lusa que o projeto 897 concretizou um “grande desafio” que começou na foz do Douro e fez o percurso inverso ao rio até aos Picos de Urbión, recolhendo a sua sonoridade e a das suas paisagens e das gentes.

Segundo explicou, o objetivo foi, através do Sons do Douro, fazer “uma ligação e uma partilha entre as populações” que vivem junto ao rio.

A viagem começou no tabuleiro da ponte Luiz I, no Porto, onde se encheu uma garrafa de água que acompanhou o grupo até à fonte del Duero, a nascente do rio, onde foi simbolicamente despejada.

Luís Carvalho contou que ao longo do percurso foram realizados concertos junto às arribas, em miradouros, pontes, praças e ruas e uma residência artística em Zamora, onde foi feito um cruzamento artístico das tradições, música e das sonoridades portuguesa e espanhola.

“Essa ligação traduziu-se em novas ligações musicais que foram incorporadas nos espetáculos e fazem parte do repertório do Sons do Douro”, frisou.

Depois de Duruelo de la Sierra, a última localidade antes da nascente do rio, os viajantes percorreram os últimos 12 quilómetros a pé, com os instrumentos às costas.

“Nas fontes a emoção era enorme, sentíamos que o nosso dever estava a cumprir-se e quisemos fazer uma dedicatória ao Douro que se transformou num poema belíssimo cantado e tocado pelo Filipe Marado”, referiu.

É toda “esta emoção” vivida e partilhada ao longo de dois meses de viagem, entre agosto e setembro de 2017, e toda a aprendizagem conquistada que construiu o concerto e o documentário que culminam o projeto.

Entre hoje e sábado realiza-se o encontro de encerramento, nas cidades de Lamego e da Régua, que inclui o concerto, o lançamento do caderno de viagens e a estreia do filme documentário “897 Km de Douro”.

O projeto musical Sons do Douro foi impulsionado pelo Museu do Douro em 2013 e tem-se vindo a consolidar. Em 2017, o grupo realizou 40 espetáculos.

Para além do 897, o Douro Inclusivo incluiu mais três ações que passam pela ampliação do espaço expositivo da unidade museológica, pela criação de novas ferramentas, como áudio-guias em várias línguas, vídeos em língua gestual e a produção de conteúdos em braille para que o museu seja acessível a todos, e, por fim, pelo desenvolvimento e promoção de projetos no âmbito da Rede de Museus do Douro.

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