Veja as surreais paragens de autocarro do império soviético

No tempo da União Soviética, esperar pelo autocarro era uma arte. Um fotógrafo canadiano andou pelo antigo império a recolher imagens surreais e futuristas das estruturas que serviam o proletariado que usava os transportes públicos.

Um jogo imaginado por um fotógrafo entediado deu origem a “uma obsessão” que agora foi convertida em livro: “As paragens de autocarro soviéticas”.

Durante 12 anos, o canadiano Christopher Herwig recolheu imagens de estruturas tão criativas quanto surreais, tão funcionais quanto futuristas. São as paragens de autocarro que, no tempo da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, abrigavam o proletariado enquanto não chegavam os transportes públicos.

“Tudo começou em 2002, quando fui de bicicleta de Londres a São Petersburgo. Estava a jogar para me entreter, tinha de tirar uma foto por hora. Era um exercício, registar as coisas habituais do dia a dia. Quando entrei na Lituânia, comecei a reparar nestas fantásticas paragens de autocarro. Continuei para o Cazaquistão e, nos três anos em que andei pela Ásia central, fui descobrindo mais e mais destas paragens”, recordou o fotógrafo canadiano.

“Com o passar do tempo, comecei a fazer viagens só para descobrir estas paragens de autocarro. A coleção ia crescendo e fiquei com a obsessão de registar estes pequenos tesouros”, acrescentou Herwig, que passou 12 anos à procura de paragens em 13 países do antigo império soviético.

O que começou como um jogo de um fotógrafo para ocupar o tempo durante uma longa viagem tornou-se numa “obsessão” e também… numa fonte de aventuras.

“Apesar dos meus esforços para não chamar a atenção, fui várias vezes acusado de ser um espião e só mesmo por milagre evitei ir parar a sítios esquisitos”, recordou Christopher Herwig, revelando a situação mais complicada de todas: “Em Abkhazia, o motorista que me transportava acusou-se de ser um agente georgiano a fotografar material de cariz sensível. Chantageou-me dizendo que, se eu lhe pagasse, entregava-me à milícia ou a um pelotão de fuzilamento”.