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Vacinação “corre bem, mal e pessimamente ao mesmo tempo”, diz Marques Mendes

Luís Marques Mendes, conselheiro de Estado e antigo presidente do PSD, criticou a “politização” do processo de vacinação contra a covid-19, admitindo que a campanha pode ser analisada de três formas diferentes.

“Está a correr bem, mal e pessimamente ao mesmo tempo”, defendeu o analista político, justificando que a forma como se classifica o processo depende da abordagem.

A vacinação “corre bem” se formos a comparar o número de doses administradas em relação à população, com Portugal a estar entre os melhores a nível europeu, mas corre “mal” dada a escassez de vacinas, por comparação das doses disponíveis na União Europeia com Israel, Reino Unido e EUA.

O mesmo plano nacional de vacinação contra a covid-19 corre ainda “pessimamente” na reputação. “Aos olhos de muita gente, está muito descredibilizado”, sustentou.

Em causa estão os muitos “abusos” que têm sido denunciados, sustentados por “duplas interpretações” questionáveis.

“Tem de se tornar o plano mais simples, mais transparente e mais objetivo”, frisou o conselheiro de Estado, dando os exemplos dos gestores de hospitais e dos dirigentes de instituições particulares de segurança social.

“Devem ter ou não prioridade? As duas interpretações são possíveis. Convinha haver regras claras e iguais para todos”, insistiu.

Elogiando as investigações que têm sido abertas aos casos de abuso na vacinação, o ex-presidente do PSD recomendou às autoridades que assumam um discurso mais dissuassivo.

“O discurso político das autoridades tem de ser de mão pesada, para dissuadir as pessoas de algumas fraudes que têm acontecido. Em várias fraudes estamos a falar de chico-espertismo quando temos alguns milhares de doses, imaginem quando tivermos milhões”, salientou.

Como conselheiro de Estado, Marques Mendes está classificado como prioritário, mas vai recusar-se a ser vacinado nesta primeira fase.

“No meu critério, o Conselho de Estado é um órgão consultivo, não é decisório. Não deve ser prioritário. Respeito se tiverem outra interpretação, mas eu esperarei que chegue a minha vez como qualquer cidadão”, justificou.

Marques Mendes antecipou ainda que o confinamento vai durar, pelo menos, até meados de março, para evitar “recaídas” na situação epidemiológica.

“Ao fim de três semanas há resultados, mas são ainda muito insuficientes em internados e em doentes nas unidades de cuidados intensivos. Temos de trazer esta situação para baixo para evitar novas recaídas”, finalizou.

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