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Uma vaca a voar não foge à censura do festival

A ‘vaca divina’ bem voou, mas não conseguiu fugir à censura. Em Jaipur, na Índia, um festival de arte terminou por ‘ordem’ dos grupos religiosos que não gostaram de ver uma vaca a voar. A instalação foi censurada, o autor foi detido e os religiosos recusaram devolver a vaca porque queria adorá-la.

Conhece a expressão ‘vaca sagrada’? Na Índia, de onde veio, foi levada ao extremo durante um festival de arte em Jaipur, no estado de Rajasthan.

Na origem da polémica está uma vaca de espuma plástica em tamanho real, criada por Siddharth Kararwal. Antes do festival, Chintan Upadhyay e Anish Ahluwalia promoveram uma campanha para pôr a vaca a voar.

No sábado, para o festival, os dois artistas soltaram a ‘vaca divina’, que presa a um balão de ar quente voou a cerca de 15 metros de altura. Só que esta ‘arte’ irritou os hindus e não tardou a que alguns extremistas religiosos fossem exigir explicações.

“A vaca estava amarrada ao balão pelo pescoço, como se tivesse sido enforcada. É uma falta de respeito”, acusou um dos protestantes, Suraj Soni.

A confusão foi tanta que os dois artistas foram forçados a retirar a instalação. Momentos mais tarde, a polícia ‘convidou’ Upadhyay e Ahluwalia a explicarem-se numa esquadra em Bajaj Nagar.

“A censura, seja de que tipo for, é inaceitável. Se não se concorda com algo pode-se expressar essa opinião de forma civilizada. O que foi deplorável foi a violência verbal e o recurso à força”, condenou Anish Ahluwalia.

Mas a polémica não terminou aí. Após o interrogatório, os artistas foram autorizados a voltar ao local onde decorria o festival de arte para recolherem a ‘vaca divina’. Porém, os mesmos radicais hindus que levaram ao final prematuro da instalação recusaram devolver a obra em causa.

A polícia teve de usar a força para obrigar os manifestantes a ‘devolverem’ a vaca de espuma, que foi então destruída pelas autoridades para evitar novas polémicas.

A ‘vaca divina’, segundo os criadores, visava despertar a atenção para “a relação entre os humanos e os animais em ambiente urbano”, sobretudo devido ao gado abandonado que, sem pasto, acaba por comer plásticos e morrer por asfixia.

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