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Universidade de Coimbra atribui honoris causa a Xanana Gusmão

xanana_gusmaoPrimeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, vai receber o grau de doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra (UC), no dia 28 de setembro, às 10h30, na Sala dos Capelos (Sala Grande dos Actos).

A chegada de Xanana Gusmão à UC está prevista para as 09h30.A atribuição do título foi proposta pela Faculdade de Letras (FLUC) e reconhece “uma figura de invulgar dimensão humana e o político que, com visão lúcida e estratégica, deu um passo tão importante para a afirmação da lusofonia”.

“Xanana Gusmão é, ele mesmo, um espírito, afeiçoado às artes, nomeadamente à poesia e pintura, que cultivou, uma e outra, nos dias agrestes da luta nas montanhas e nos não menos agrestes tempos da prisão em Cipinang”, afirma o diretor da FLUC, Carlos André.

Xanana nasceu a 20 de junho de 1946 em Manatuto, Timor-Leste. Foi criado no País, junto com um irmão e cinco irmãs. Em 1974, juntou-se à recém-formada Associação Social Democrata – ASDT, que no mesmo ano se transformou na Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN). Tendo trabalhado como jornalista e fotógrafo, Xanana Gusmão assumiu o cargo de Diretor Adjunto do Departamento de Informação do partido.

A 7 de dezembro de 1975, após uma série de incursões fronteiriças armadas no território de Timor-Leste, a Indonésia decidiu invadir a capital, Díli. Após a morte do então Presidente da FRETILIN, Nicolau Lobato, em dezembro de 1978, juntamente com a perda da maior parte dos Membros do Comité Central da FRETILIN, Xanana Gusmão ficou com a tarefa de reorganizar a luta.

Em março de 1981 organizou a primeira Conferência Nacional da FRETILIN, durante a qual foi eleito líder da Resistência e Comandante-Chefe das FALINTIL (Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste) e, em março de 1983, demonstrou o seu pragmatismo ao iniciar negociações formais com as Forças Armadas indonésias (ABRI/TNI), levando a um cessar-fogo que durou até agosto desse ano.

Kay Rala Xanana Gusmão concebeu e implantou a Política de Unidade Nacional que se traduziu em cooperação ativa com membros da Igreja Católica e com as autoridades transitórias de Timor-Leste.

Aproveitou os cinco meses do cessar-fogo para desenvolver a primeira rede clandestina nacional organizada, conhecida por ‘Frente Clandestina’.

Em 1988 o sucesso da iniciativa de Unidade Nacional levou Xanana Gusmão a criar o CNRM – Conselho Nacional da Resistência Maubere, como expressão do comando nacional apartidário da luta; o CNRM tornou-se posteriormente no CNRT, o Conselho Nacional da Resistência Timorense.

Um ano após o massacre de Santa Cruz, e após 17 anos de guerrilha, Xanana foi capturado a 20 de novembro de 1992 na capital, Díli. Apesar de ser elogiado a nível internacional, foi alvo de um julgamento e detido numa prisão destinada a criminosos comuns. Posteriormente, as autoridades indonésias transferiram-no para a Prisão de Cipinang, reservada a presos políticos.

Ali, dedicou o seu tempo à elaboração de estratégias para a Resistência, ao mesmo tempo que estudava indonésio, inglês e direito. Em abril de 1998, na Convenção Nacional Timorense na diáspora, que estabeleceu o Conselho Nacional da Resistência Timorense (CNRT), Xanana Gusmão foi reafirmado por aclamação como líder da Resistência Timorense e Presidente do CNRT.

A 10 de fevereiro de 1999, Xanana sai de Cipinang, passando a estar sob regime de prisão domiciliária em Salemba, na parte central de Jacarta.

O rápido desenvolvimento do processo político timorense e o reconhecimento internacional generalizado das qualidades de Xanana Gusmão como estadista e líder foram razões para diversas visitas à sua casa prisão por parte de representantes de Governos estrangeiros.

O referendo patrocinado pela ONU a 30 de agosto de 1999 assinalou o fim da ocupação indonésia de Timor-Leste e o início do processo de transição liderado pela ONU em Timor-Leste. Este foi sem dúvida o primeiro ato democrático na história de Timor-Leste.

No dia 14 de abril de 2002, Xanana Gusmão foi eleito Presidente de Timor-Leste, tendo tomado posse a 20 de maio de 2002. Serviu como Presidente da República até ao final do seu mandato em maio de 2007.

Após deixar a Presidência foi eleito Presidente do partido político formado em abril de 2007, o CNRT – “Congresso Nacional para a Reconstrução de Timor-Leste”. Durante todo o mês de junho, Kay Rala Xanana Gusmão fez campanha para as eleições legislativas em todo o País.

A 30 de junho realizaram-se as eleições legislativas, tendo o CNRT recebido o segundo maior número de votos e formando imediatamente uma aliança com três outros partidos políticos, o PD (Partido Democrático) e a Coligação ASDT-PSD, tendo essa aliança passado a chamar-se AMP (Aliança da Maioria Parlamentar) e garantindo 37 dos 65 assentos no Parlamento Nacional.

A 8 de agosto de 2007, no Palácio Presidencial Lahane, tomou posse o IV Governo Constitucional, com Kay Rala Xanana Gusmão como Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa e Segurança da República Democrática de Timor-Leste. O mandato do Governo termina em 2012. 

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