Cultura

Uma antologia de haikus e dois novos livros de poetas portugueses no mês da poesia

O Dia Mundial da Poesia vai ser assinalado pela Assírio & Alvim com o lançamento de uma antologia de haikus dedicados aos animais, da autoria do poeta japonês Kobayashi Issa, considerado um dos “quatro grandes” deste género literário.

Já publicados, na semana passada, no âmbito do mês da poesia, a mesma editora lançou dois novos livros dos poetas portugueses Mário Rui de Oliveira e Filipa Leal.

“Os Animais” chega às livrarias no dia 21 de março, quando se assinala o Dia Mundial da Poesia – assim como o dia Internacional da Árvore e das Florestas -, um livro que reúne “os cerca de dois mil haikus que têm os animais como protagonistas”, revelou a editora.

Segundo a Assírio, Kobayashi Issa, um dos “quatro grandes da poesia haiku”, foi “seguramente o escritor que mais usou este tema [dos animais] no universo poético nipónico”.

Esta edição surge depois de a Assírio & Alvim ter publicado, em 2016, a coletânea de haikus “O Eremita Viajante”, de outro dos “quatro grandes”, o poeta Matsuo Bashô, que teve uma reedição no início deste ano.

Kobayashi Issa escreveu perto de vinte mil haikus – além de um legado enorme sob outros formatos literários –, dos quais, cerca de dois mil têm os animais como protagonistas, “sendo seguramente o escritor que mais usou este tema no universo poético nipónico”.

“E fê-lo com tanta maestria e encanto que hoje em dia não há, no Japão, adulto ou criança que não saiba de memória um punhado dos seus haikus”, afirma Joaquim M. Palma, responsável pelas versões em português e pela apresentação desta obra.

Nascido em junho de 1763, na aldeia de Kashiwabara, Kobayashi Yatarô foi o primeiro filho de um casal de proprietários rurais pertencentes à classe média.

Aos três anos de idade ficou órfão de mãe e, pouco depois, foi entregue aos cuidados da avó paterna.

Cinco anos após ter enviuvado, o pai voltou a casar-se e trouxe o filho para o seio da nova família, mas a relação extremamente turbulenta com a madrasta levou-o a partir para Edo (atualmente, Tóquio) em 1777, com catorze anos.

Em 1787 começou a frequentar uma escola de poesia fundada por Chikua, um discípulo de Bashô, tendo surgido nessa altura os seus primeiros haikus.

Numa recolha de poesia haikai, surgiu o primeiro poema assinado com o nome literário “Issa”, que quer dizer “chávena de chá”.

Após ter vivido 37 anos em Edo, Kobayashi Issa regressou a Kashiwabara, casou-se e teve quatro filhos, mas três deles morreram, assim como a mulher, em trabalho de parto.

Kobayashi Issa casou ainda uma segunda vez – um casamento que foi um fracasso -, e uma terceira vez, mas morreu a 05 de janeiro de 1828, sem conhecer a filha mais nova.

Sendo março, o mês da poesia, a Assírio & Alvim publicou, entretanto, nesse âmbito, dois novos livros de poetas portugueses: “O Livro da Consolação”, de Mário Rui de Oliveira, e “Fósforos e Metal sobre Imitação de Ser Humano”, de Filipa Leal.

Os dois livros chegaram às livrarias na semana passada, mas “Fósforos e Metal sobre Imitação de Ser Humano”, livro que sucede a “Vem à Quinta-Feira”, vai ser lançado primeiro no Porto, a 23 de março, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no âmbito do Porto de Encontro, e depois em Lisboa, a 28 de março, na livraria Ler Devagar, com apresentação de António Mega Ferreira.

“O Livro da Consolação” é o terceiro livro de poesia de Mário Rui de Oliveira, 16 anos depois de ter publicado “Bairro Judaico”.

Sobre este autor, nascido em 1973, escreveu o poeta Eugénio de Andrade, a propósito do seu primeiro livro, “O Vento da Noite”: “lidas as primeiras palavras, foi como se amanhecesse. Eram pequenos textos em prosa; na realidade eram breves poemas, de um ritmo preexistente, seguríssimo”.

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