Cresce o fenómeno dos casamentos entre mulheres raptadas e os autores deste crime, no Quirguistão. Estima-se que um em cada três casamentos resulte de raptos. Os homens sequestram e violam as mulheres. Estas, por vergonha de terem perdido a virgindade, acabam por permanecer ao lado do raptor.
O Quirguistão enfrenta um fenómeno de casamentos à força, entre homens que raptam mulheres e as suas vítimas, que depois do sequestro acabam (quase sempre) por ficar com o raptor, que a violou e a fez perder a virgindade.
Estima-se que um em cada três casamentos resulte de raptos de mulheres. Os homens sequestram-nas e violam-nas, o que, associado a questões culturais do Quirguistão, conduz a matrimónios indesejados e resultado de crimes.
Perante estes factos, as autoridades locais estão a tomar medidas para combater esta prática do sequestro de mulheres para casamento.
São matrimónios contra a vontade das vítimas, mas que estas acabam por encarar como um mal necessário, porque não são bem aceites, após perderem a virgindade, mesmo que de forma que não foi consentida.
E há um aumento de casamentos, mas raptar as noivas é uma tradição antiga no Quirguistão. Estes sequestros tornaram-se muito comuns há algumas décadas, desde o colapso da União Soviética, altura em que os valores patriarcais ganharam força no país.
Há casos de jovens de 18 anos que são raptadas à porta da escola. Aigul, de 18 anos, relata à BBC que foi vítima deste crime.
“Dois ou três jovens, à porta da escola, agarraram-me pelas pernas e pelos braços colocaram-me num carro. Os meus avós disseram-se que se tratava de uma tradição no Quirguistão e obrigaram-me a ficar com o meu agressor”, conta.
Mehrigul Ablezova, socióloga que tem estudado o fenómeno, conta que a maioria das mulheres é violada na primeira noite, após o sequestro. Algumas decidem ficar com o raptor, outras são obrigadas pela família.
“No Quirguistão, uma menina sair da casa onde vive com os pais é considerado uma vergonha, porque representa a perda da virgindade”, realça.
Assim, as mulheres sequestradas muitas vezes preferem ficar ao lado do seu agressor e casar com ele, pela vergonha. Quem ousa fugir do marido acaba por não ser aceite pelos pais. E os pedidos de ajuda destas vítimas acabam, muitas vezes, por ser feitos a mulheres que também foram para o casamento violadas e obrigadas…
Alguns estudos sugerem que um em cada quatro homens decide raptar e violar uma mulher, obrigando-a a contrair matrimónio, porque tem vergonha de ser rejeitado num pedido de casamento.