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Um quarto da eletricidade produzida em Cabo Verde ficou por faturar em 2018

Mais de um quarto de toda a eletricidade produzida em Cabo Verde em 2018 foi dada como perdida, não sendo faturada, conforme dados que constam do último relatório e contas da empresa pública Electra.

O documento, a que a Lusa teve hoje acesso, aponta que as perdas de eletricidade globais, incluindo situações técnicas e não técnicas, como ligações ilegais, atingiram em 2018 os 109 milhões de kWh, o que representa 25,5 por cento da produção (mais de um quarto).

“Os níveis de perdas e dívidas de clientes continuam a constituir os principais constrangimentos da empresa que, deste modo, se vê privada de importantes recursos”, alerta o presidente do conselho de administração da Electra, Alcindo Mota, na mensagem que consta do relatório e contas de 2018.

Acrescenta que os resultados daquele grupo público do setor da produção e distribuição de eletricidade e água – que o Governo pretende privatizar – “continuam sendo fortemente impactados pela performance negativa” da empresa Electra Sul (que serve as ilhas do sul do arquipélago), “com realce para os níveis de perdas comerciais e pelo incremento das imparidades para fazer face às dívidas de clientes”.

O grupo Electra fechou as contas de 2018 com um resultado líquido negativo de 866 milhões de escudos (7,8 milhões de euros), valor próximo ao registado em 2017.

“Por outro lado, há a referir os sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis, ocorridos ao longo do ano, sem compensação tempestiva nas tarifas de eletricidade e água”, aponta ainda o presidente do conselho de administração.

A ilha de Santiago, a mais populosa do arquipélago, no sul, apresentou o pior desempenho na rede da Electra com uma produção de eletricidade de 238 kWh. Deste total, 26 kWh foram custos de produção e 126 kWh representaram vendas a clientes, pelo que quase 86 kWh (36 por cento do total) foram perdas da rede.

“Os projetos em curso têm como objetivos a redução das perdas globais técnicas e não técnicas de energia elétrica, com mais ênfase na ilha Santiago”, lê-se ainda no relatório e contas da Electra, sobre a situação em dezembro de 2018.

O documento também admite que se registou “uma redução das perdas de eletricidade em quase todas as ilhas, com exceção da ilha do Sal e Brava”.

Em 2017, as perdas de eletricidade em Cabo Verde foram de 26,3 por cento do total da produção do país.

A empresa tem a meta de reduzir o peso das perdas a 12 por cento até 2020, desde logo com a instalação de 2.634 contadores inteligentes, pela substituição de contadores tradicionais obsoletos e com a instalação de contadores pré-pagos.

No relatório e contas de 2018, o grupo Electra promete ainda fazer “a fiscalização/inspeção de locais de consumo e contadores para a deteção de situações de furto/fraude de energia elétrica”, bem como proceder ao “desmantelamento de ligações clandestinas para eliminação de ligações diretas às redes de distribuição de eletricidade.

A produção de eletricidade em Cabo Verde através da Electra repartia-se no final de 2018 por 11 centrais térmicas, um parque eólico e dois parques solares, ao que acrescem quatro parques de produtores independentes.

A potência disponível do parque produtor da Electra totalizava no final do ano 132.014 kW, repartida pelas centrais térmica, com 124.664 kW (94,4 por cento), centrais eólicas 600 kW (0,5 por cento) e solar 6.750 kW (5,1 por cento).

A produção de eletricidade em 2018 atingiu o valor de 429,6 GWh, sendo 79,2 por cento de origem térmica, 18,7 por cento eólica e 2,1 por cento solar. Em relação ao ano 2017, segundo o mesmo relatório, registou-se um aumento da produção de eletricidade em 1,1 por cento, apesar da diminuição da produção térmica em 2,8 por cento.

Essa subida ficou a dever-se ao aumento da contribuição das energias renováveis no ‘mix’ de produção de eletricidade, com um aumento em 38,3 por cento na produção de energia solar e em 17,4 por cento na produção eólica.

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