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“Um país de emigração”, diz relatório do Governo sobre Portugal

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Parece uma crítica da oposição, mas é mesmo do Governo. “Hoje Portugal é, sobretudo, de novo, um país de emigração”, descreve o gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, no Relatório da Emigração sobre 2014.

“De novo”, tal como nos anos 60, “Portugal é um país de emigração”.

O Relatório da Emigração sobre 2014, ontem apresentado, revela que cerca de 110 mil portugueses abandonaram o país no ano passado, procurando na emigração um futuro digno. E é no mesmo documento que vem a frase citada pela Lusa, que mais parece uma crítica da oposição do que um comentário do gabinete de José Cesário.

Indo mais ao pormenor, o relatório refere que “a emigração passou a crescer mais do que antes da crise, estabilizando entre 2013 e 2014 na casa das 110 mil saídas/ano, valor da ordem dos observados nos anos 60/70 do século XX”.

Este regresso à emigração deve-se, de acordo com o gabinete do secretário de Estado das Comunidades, “à natureza assimétrica da chamada crise das dívidas soberanas” desde 2010 e “aos efeitos recessivos das políticas de austeridade”.

A Europa é, tal como aconteceu em meados do século passado, o principal destino dos portugueses que vão procurar uma vida melhor lá fora. Dos 21 países preferenciais, 14 estão no ‘velho continente’.

“Nos últimos tempos”, os quatro principais destinos são o Reino Unido, a Suíça, a França e a Alemanha, com mais de dez mil emigrantes nacionais por ano.

Não admira que na liderança desta lista esteja o Reino Unido, agora o país de 31 mil portugueses. Basta atentar nos enfermeiros, como fez a Lusa: dos 1211 que se licenciaram em 2013, um terço foi para as ilhas britânicas no ano passado.

Fora da Europa, os países lusófonos são os destinos preferenciais, com Angola no topo (sexto entre todos os países), recebendo 5000 portugueses só no ano passado.

Com cerca de 2,3 milhões de portugueses emigrados, o país com a maior comunidade é, no entanto, a França: os dados de 2011 referiam a permanência de mais de 592 mil portugueses.

Milhares de emigrantes não se limitaram a abandonar Portugal, tendo mesmo pedido a nacionalidade no país que os acolheu: 3800 em França, 2200 na Suíça (ambos os dados referentes a 2013) e 1200 (dados de 2014) no Luxemburgo.

Mais de metade dos inquiridos, realça ainda o relatório, não pretende regressar a Portugal antes da reforma.

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