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Um ex-PR não pode de forma dissimulada incitar à violência

mario soaresmario soares 600Mário Soares uma figura incontornável da democracia portuguesa, já com uma vida política extensa teima em não se retirar.

Mário Soares tem lutado pelo derrube do Governo e desafiou Cavaco Silva para se demitir. A iniciativa, na aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, para além de muita gente de esquerda, contou com gente do centro-direita: António Capucho, Basílio Horta, Pacheco Pereira, Pires Veloso, etc.

Mário Soares tem sido um baluarte de indignação e chamar à atenção do excesso de austeridade e precariedade em que vivem os portugueses. A defesa da Constituição, da Democracia, do Estado Social são ideias chave, que a maioria dos portugueses está de acordo.

Porém incitar à violência de forma sub-reptícia não é a melhor forma de resolver os problemas. A frase que proferiu, ao referir-se a Cavaco Silva, «faça o que deve: demita-se enquanto pode ir para casa sossegado», disse ainda, «temer que se entre numa situação de violência e que o seu objectivo é evitar isso, estando empenhado em salvar o país.».

Finalizando, «eu estou a tentar evitar a violência. É preciso evitar a violência enquanto há tempo. Porque se não se demitem a violência é inevitável».

Um ex-PR não pode de forma dissimulada incitar à violência. Goste-se ou não, o governo e Cavaco Silva fora eleito democraticamente pelo povo português. Uma coisa é discordar-se deste governo e das suas políticas – muitos de nós votamos neste governo e fomos ludibriados, enganados e estamos decepcionados – penso até que há mais gente zangada, furiosa, irritada, encrespada e colérica, com Cavaco Silva do que com o Governo e Pedro Passos Coelho.

Mário Soares já foi vítima de violência na Marinha Grande, acto lamentável e ignóbil que funcionou como catalisador para o catapultar à presidência da República. Mário Soares tem todo o direito de estar contra a troika (eu também estou), mas não se pode esquecer que foi um governo PS que provocou a sua presença. Culpa de tudo que se tem passado deve ser repartido por todos os governos pós-25 de Abril, incluindo os governos aos quais Mário Soares presidiu como Primeiro – Ministro.

Por outro lado Mário Soares depois de ter sido presidente durante dois mandatos e não poder ser um terceiro mandato, em que não duvido, que a maioria dos portugueses votava, de novo, nele, num terceiro mandato. A Constituição portuguesa não o permite.

Concorreu a presidente do parlamento Europeu e perdeu, concorreu de novo a PR e teve uma derrota humilhante, atrás do seu rival e inimigo na altura, Manuel Alegre, agora de novo amigo. Esta forma, por vezes errática, de intervir com excesso de protagonismo, impulsiva, não abona a ser favor. Todo este frenesim, louvável e vontade de defender o essencial para os portugueses, não lhe dá o direito de apelar indirectamente à violência com insinuações de mau gosto e graves.

Uma coisa tenho a certeza, no tempo do fascismo as pessoas falavam, falavam e iam presas. Agora falam, falam e ninguém lhes liga nada.

No fundo os portugueses estão à espera de eleições para correr com este governo e por tabela com este PR. O problema é que ainda falta muito tempo, até lá, é uma agonia, angústia, martírio e uma tormenta. Pouco há a fazer em democracia ou o governo e o PR se demitem (o que não me parece que vá acontecer) ou em eleições são corridos (Cavaco Silva tem mesmo que ir à vida dele, o governo irá embora).

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